domingo, 23 de dezembro de 2012

Psicologia e Aprendizagem - Educação Especial na Perspectiva de Vygotsky



Estamos vivendo em uma época onde a psicologia está questionando algumas questões e buscando na teoria de alguns autores argumentos e estudos para que mudanças aconteçam. A educação de crianças deficientes é um desses questionamentos e que encontra em Vygotsky um suporte para a mudança; mudança de questões que foram levantas há um século atrás por ele.


O texto trata da educação voltada pra crianças com deficiência e a forma como ela acontece acaba não potencializando a criança, pois é uma educação voltada para as diferenças, que não visa uma inclusão e nem visa vencer a dificuldade, e sim, adaptar-se a ela.
Vygotsky lança um olhar crítico sobre essas questões e aborda a forma como essa educação deveria ser elaborada destacando:
٭ O deficiente se desenvolve de uma maneira própria, mas isso não deve ser desmerecedor pois o importante é que ela se desenvolva.
٭ Vygotsky se concentra nas habilidades que essas crianças possuem e não em suas carências.
٭ A importância das interações sociais como forma de desenvolver as características biológicas. “Através da inserção na cultura e da participação no processo de construção histórica, a criança portadora de deficiência assimila as formas sociais de atuação, as internaliza e interage como sujeito histórico”.
٭ Não podemos nos focalizar nos aspectos negativos da doença e de uma forma generalizar sobre ela. Devemos falar sobre “as características positivas que as constituem como pessoa”.
٭ A deficiência tem dupla influência no desenvolvimento. Ao procurar meios de se adaptar, ela estimula o indivíduo ao invés de limitá-lo. “O desenvolvimento encontra vias de realização nas relações sociais”.
٭A escola não deve se adaptar à doença, e sim descobrir meios de superá-la.
Podemos perceber que Vygotsky não apoia uma educação de segregação, onde os diferentes devam ficar isolados pois, em uma visão mais geral, a tendência é acreditar que eles teriam as mesmas dificuldades e por isso se adaptariam mais facilmente a um ambiente de iguais. Vygotsky prega o contrário. As crianças devem se interagir com crianças “normais”; a sociabilidade é uma forma de não se adaptar à deficiência e de desenvolver habilidades diferentes. A escola deve prezar a inserção social e continuar buscando formas de não alienar o doente mental.

E Qual é o papel do Educador na Educação Inclusiva?




Grande parte dos professores da escola comum afirma não estar preparada para trabalhar com pessoas portadoras de deficiências e com pessoas com necessidades educacionais especiais. Outros professores não estão abertos a esta preparação ou não querem aprender, afirmando que existem professores especializados em educação especial.
O papel do professor é se fazer especializado em aprendizagem e dominar o “especial” necessário para que o comum da aprendizagem aconteça na rotina da escola para todos, com respeito às diferenças individuais. O professor, portanto, não deverá transferir toda a responsabilidade do processo de aprendizagem dos alunos com necessidades especiais, para as mãos dos médicos, psicólogos e terapeutas, mas realizar um trabalho em parceria com estes profissionais.

Para que essa “especialização” do professor aconteça é necessário primeiro que ele queira atuar com um olhar diferente na sala de aula, como alguém capaz de encontrar-se com outros, de estar junto, de acolher e conviver de forma harmoniosa e fraterna.
O papel do professor deve ser o de agente facilitador, e não desmotivador, na situação do ensino / aprendizagem. Se o professor interagir com o aluno da mesma forma que ele age com outras pessoas – com respeito, amabilidade e, sobretudo com segurança, o processo de ensino e aprendizagem terá grande possibilidade de se efetivar.
O que acontece, normalmente, é que quando o aluno não consegue aprender, é atribuída a culpa a alguma causa interna e se diz que ele não está motivado ou que apresenta algum problema mental ou físico que não lhe permite aprender. Se a esse aluno é possibilitada uma melhor interação com o meio, é possível que ele se valorize mais e sinta-se como uma pessoa participante da vida em comum a todos.
“Trabalhar com o “diferente” é estar também neste “não lugar”, movediço, incerto, refazendo-se e reconstruindo o desafio da dificuldade como motor para a construção de novos sentidos e realidades desse ensino que é tão “especial”. Esta pode ser a aventura da diferença!”
“Se sonhamos com uma escola de todos e para todos, haveremos de traçar a nossa caminhada para a sua construção.” (Ianovitch)



"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita".Gandhi

Nenhum comentário:

Postar um comentário