- Diário de Campo/caderno do professor - podemos usar um caderno ou folhas separadas: colocar o nome de cada aluno(a) numa página (ou várias) e, a medida que as situações de aprendizagem vão acontecendo, iremos registrando as informações relevantes. Podemos ter uma tela crítica/quadro de indicadores observáveis para orientar estas anotações. Neste instrumento, podemos fazer registros dos elementos facilitadores, das dificuldades, dúvidas e erros dos alunos, entre outras informações.
- Fichas /registro de observação - os educadores, em conjunto com seus pares e alunos, poderão organizar fichas individuais e coletivas detalhando os referentes/observáveis e a indicação dos seguintes níveis: consegue realizar com autonomia, realiza com ajuda, ainda não consegue realizar. Ao lado de cada luno que apresentar dificuldade, podem ser feitos registros a respeito desta, apontando alternativas de superação. Precisamos ensinar o aluno a se observar e a fazer estes registros, estimulando-os a participar de sua aprendizagem e avaliação.
A sala de aula é o local própício para a análise das práticas pedagógias e das parendizagens realizadas. A professora e o professor não podem negar este direito aos alunos. Nós, professores, precisamos desconstruir uma cultura avaliativa autoritária e ressignificá-la de formatividade emancipadora.
- Chaves de leitura/quadro com observáveis: diferentemente do objetivo de checagem, este instrumento tem a finalidade de fornecer informações significativas à reorientação e melhoria das aprendizagens dos alunos e o trabalho pedagógico com os erros, as dúvidas e dificuldades. Ele assume um caráter mais exploratório e analítico.
Com esses dados, organizariam um quadro aberto. Na primeira coluna (vertical) escreveriam os nomes dos alunos e na coluna superior os aspectos a observar, deixando espaços para complementações. À medida que as observações fossem sendo realizadas, fariam o registro simplicado, usando iniciais para indicar o nível de dominio, por exemplo: A (realiza com autonomia) AA (realiza com ajuda específica de colega e/ou professor) e AN (ainda não aprendeu).
No verso da folha (poderia ser um papel almaço/pautado/quadriculado), seriam repetidos os nomes dos estudantes e, ao lado de cada uma, o professor poderia fazer anotações relevanmtes sobre dúvidas e erros persistentes.
Uma lista/quadro semelhante deveria ser preenchida pelos próprios alunos, na sala de aula, sob orientação do docente.
É importante salientar que este é um momento para a aprendizagem da avaliação compartilhada: os registros dos alunos seriam analisados pelo professor que organizaria um momento avaliativo para discutir as informações e tomar decisões para a melhoria do processo de aprendiagem.
Esta seria uma excelente ocasião para todos aprenderem a ser colaboradores e responsáveis pela qualidade construída em sala de aula, demonstrando um profundo respeito e bem querer ao outro, auxiliando a superar dificuldades dos colegas e/ou pessoais, participando de uma educação emancipadora.
- Anedotário - este nome, que parece lembrar anedota, não tem rela~ção com piadas, gracejos ou relatos satíricos, apesar que, em muitas ocasião, eles conduziam a situações bem estranhas do ponto de vista da educação que defendemos. Este instrumento, elaborado sob a forma de ficha individual, tinha o objetivo de estimular o professor a fazer anotações sobre os comportamentos (positivos ou negativos) da vida escolar de cada aluno, em especial daqueles que estivessem interferindo no êxito do seu processo de aprendizagem ou da sua classe.
Uma experiência com anedotários
Trabalhando com mais de 300 docentes, predominantemente professoras de Ensino Fundamental público, num município da Região Metropolitana de Curitiba, sobre o paradigma de avaliação emancipatória, vivenciamos uma experiência de construir um anedotário (modificado) para registrar suas observações a respeito de situações de aprendizagem em sala de aula. Desenvolvemos a seguinte proposta:- orientamos que cada professora poderia descrever o que considerasse relevante e gostaria de trazer para a discussão coletivba;
- propusemos um roteiro, que foi aperfeiçoado, a partir das contribui~ções de alguns docentes;
- durante quinze dias, os educadores observaram suas aulas, seus alunos. Preecheram vários anedotários, mas escolheram um registro para análise.
Exemplos de anedotário:
Dados de identificaçãoNome da Escola - Escola .....
Série - 1a.
Código do aluno - sol (escolhido por ele individualmente)
Idade - 8 anos
Sexo - feminino
Data - deixou em branco
1. Observação (registro da situação de aprendizagem observada) - encontra dificuldade nma aprendizagem da leitura e da escrita - é uma aluna repetente e carente, pois repete várias vezes o lanche.
2. Formulação de hipóteses - é uma criança desmotivada, não tem apoio da família, fica aos cuidados da avó que é uma pessoa doente e não atende as necessidades da criança.
3. Diálogo com a criança (observação interativa) - não sabia fazer sozinha, cada vez que fazia, a lição estava errada, e a professora apagava e ela teria que fazer novamente.
4. Construção coletiva de decisões - precisa de ajuda da professora ou de outro aluno,sente-se muito insegura.
Reponsáveis - oparceiros (depois de registrarem as decisões, o professor e o aluno deveriam assinar este documento).
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Professor Aluno
A seguir, apresentamos um exemplo desse registro e dialogaremos sobre esse trabalho.
O que nós observamos e discutimos, a partir dos registros?
- Apenas 10% relataram situações de aprendizagem.
- Os relatos, em sua maioria, descreviam problemas dos alunos. Os alunos eram indisciplinados, não aprendiam, eram carentes.
- Anotações que se repetiram com frequência: "os alunos não sabem", "não aprendem", "têm dificuldade em ler e escrever", ...
- No momento do diálogo, apareceram comentários unilaterias: "conselhos e orientações formuladas pela professora para o aluno."
- No momento das decisões coletivas´- predominaram registros similares a "precisa de ajuda" (...), "precisa estudar mais", "precisa prestar mais atenção", "precisa da ajuda de um psicólogo (...)", raramente, anunciava-se uma decisão que envolvia a aprticipação do aluno e a responsabilidade da professora e da turma e/ou do coletivo pedagógico da escola.
- Os registros evidenciavam dificuldade de redação e compreensão da prórpia tarefa, quando a maioria das professoras afirmava que "os alunos não sbiam ler, escrever e compreender o que eles ensinavam."
- Este trabalho possibilitou compreender que não foram trazidos informações sobre o processo de aprendizagem dos alunos, e sim, sobre suas atitudes/problemas sociais e emocionais porque a observação dos professores (em sua maioria) estava dirigida a este foco. O grupo reconheceu que necessitava de formação pedagógica para fazer uma leitura crítica da realidade e comprender o processo de contrução de conhecimento/de parendizagem dos seus alunos. Muitas dificuldades que atríbuiam aos alunos, incluíam as suas próprias.
- O grupo apresentou várias sugestões para o desenvolvimento de projetos de formação continuada, entre outras.
- Fichas de acompanhamento/observação de atividades, preenchidas pelos alunos e pelas alunas - um procedimento simples e de grande utilidade para ensinar os alunos à observarem e avaliarem as suas aprendizagens é formular perguntas, tais como: como você chegou a tal resposta? Por que você fez assim? Haveria outro modo? O que investigar?
TEMA DA AULA
Conteúdos trabalhados:Conceitos que estudamos:
O que eu aprendi?
Quais os erros que eu cometi?
Por que eu errei?
Quais as minhas dificuldades?
Ainda tenho dúvidas? Qauis são elas?
Em que situações eu poderia aplicar o que eu aprendi?
Daquilo que eu estudei anteriormente, que exemplos eu poderia dar que têm relação com o que eu aprendi hoje?
Como eu posso aprofundar esse conhecimento? Conhecer mais?
Como eu posso contribuir para que meus colegas aprendam (...)?
Se durante todas as aulas, o professor construísse um diálogo sobre as aprendizagens dos alunos, a partir das observações destes, muitas possibilidades de um ensino formativo e emancipador e, consequente avaliação nesta perspectiva se materializariam.
Importante ressaltar: O que levou você a pensar deste jeito? (Além das questões especificas para investigar a construção dos conceitos e das estratégias utilizadas).
As entrevistas de avaliação
Chamamos a atenção, neste momento, para a importância das entrevistas de avaliação. Elas apresentam possibilidades de construção de relações dialógicas e têm além do caráter investigativo, uma fiunção pedagógica muito importante: encontro para se tornar decisões coletivas, reorientar os processos de ensino e aprendizagem buscando a melhoria de qualidade educativa em sua totlaidade e, em especial, à apropriação crítica/á contrução do conhecimento.Os professores devem ser muito cuidadosos e competentes ao promover a situação de entrevista. Eles precisam criar um clima de confiaça e estimular o desejo dos alunos para terem este encontro pedagógico. Quando eles constatam que seus educadores são seus parceitos e demonstram atitudes de solidariedade, abrem-se ao diálogo e colocam as suas dificuldades, erros - transformam-se em sujeitos críticos/ganham autonomia e o dioalogo pedagógico se faz realidade na sala de aula, na escola.
O portfólio: modalidade ou instrumento de avaliação?
Para alguns autores, o portfólio é mais do que um instrumento de avaliação, ele é uma "modalidade" de avaliaçao. O portfólio é uma modalidade de avaliação retirada do campo das artes e que aparece com o objetivo de criar novas formas de avaliação para o desenvolvimento das intelegências artistícas (Alves, 2003)Aqui no Brasil, ele começa ser utilizado com essa denominação a partir da década de 90, mais relacionado ao Ensino Superior. Algumas experiências com portfólios no Ensino Fundamental e Médio ainda são raras.
O que é um portfólio?
"Portfólio é um instrumento que compreende a compilação de todos os trabalhos realizados pelos estudantes, durante um cursos ou disciplina. Inclui tmabém ensaios autoreflexivos, que permitem aos alunos a discussão de como a experiência do curso ou disciplina mudou sua vida." (Dey; Fenty, 1996; Vianna, 1997, apud Souza, 1997).O que isto significa, na prática?Qual é o seu objetivo?
Na verdade, o professor e a professora devem trabalhar juntos, no sentido dos alunos e das alunas aprenderem a valorizar as suas produções e a organiza~r uma memória dos seus trabalhos escolares. O aluno é sujeito deste processo. Não cabe ao professor organizar documentos/pasta do aluno, mas também, não deve se isolar do mesmo. A organização é uma aprendizagem que para ser construída precisa de uma di9reção pedagógica competente (o professor precisa, também, ser organizado).Na medida em que os professores vão recebendo as produções dos alunos, devem emitir um parecer avaliativo, opbjetivando o seu aperfeiçoamento e/ou aprofundamento. A produção do aluno, após as devidas correções, se necessárisas, será incluídas no "portfólio" (num colecionador/pasta organizativa).
Uma boa sugestão é que , de um conjunto de ativiividades propostas, cada estudante possa escolher (com a ajuda de seu professor ou colegas) "a sua melhor produção", segundo os critérios decididos coletivamente, respeitando-se a indicação pessoal. Ao final do bimestre, trimestre ou semestre letivo, cada estudante representaria a seu professor "uma representação de sua aprendizagem mais significativa", elaborando um texto autoreflexivo/uma autoavaliação de significado daquelas produções, da disciplina, do periodo letivom para a sua vida pessoal e sua contribuição social.
Com certeza, isto não é uma tarefa fácil, principalmente, se levarmos em conta as condições de trabalho da maioria dos professores, no Brasil, porém, os frutos pedagógicos desta metodologia (pois um instrumento não se separa desta), são tão significativos para a formação plena do aluno que vale a pena investir. Pode-se começar aos poucos, fazendo-se adaptações.
O importantew é a aprendizagem organizativa, a autoavaliação e a valorização pelas suas próprias produções e realizações coletivas, além do enganjamento progressivo na proposta pedagógica da disciplina e da escola. O portfólio não caminha sozinho, ele se alia a outros procedimentos/outras estratégias que fornecem informações para a avaliação da aprendizagem e do prório ensino.
Podemos afirmar que, quando profesores e alunos participam efetivamente da proposta de avaliaçãqo da aprendizagem e, no sentido mais amplo, da vida da escola, experimentam um pensar e um fazer currículo sob uma perspectiva democrática, ressignificam o ensino e a aprendizagem numa ótica formativa e emancipadora (SAUL, 1988, p.142; 1992; 1999).
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