domingo, 7 de abril de 2019

IDEOLOGIA DE GÊNERO, SUICÍDIO E PESSOAS “TRANSEXUAIS”: UMA PROMESSA DE SOLUÇÃO QUE LEVA À MORTE




Resumo: Este artigo tem o objetivo de apresentar como as questões de gênero fazem parte de um constructo ideológico. Faz-se necessário diante do avanço deste pensamento, disforme com a realidade, repetidamente tratado como científico e correto, mostrar a farsa que há nele e como o mesmo, por negar, pretendendo uma “reconstrução”, uma realidade estrutural e ontológica do homem, a sexualidade, tende, com as suas soluções fajutas, destruir o próprio ser humano. Para isso, expor-se-á uma das falácias terapêuticas defendida por esta ideologia que é a operação de “redesignação sexual”. Esta, que é prometida como uma solução conforme as premissas da ideologia de gênero, tem como resultado altos índices de suicídio por parte das pessoas que se submetem a ela. Deste modo, este trabalho, apresentando alguns casos famosos de pessoas “transexuais” que tentaram o suicídio ou o realizaram, deter-se-á em encontrar algumas causas que deem pistas para se perceber o logro próprio da ideologia de gênero.

Palavras-chave: Ideologia de Gênero. Pessoas “Transexuais”. Cirurgia de “redesignação sexual”. Suicídio.

Abstract: This article’s main goal is presente how the gender question was constructed by ideological means. It’s necessary to show how this ideological douctrine is cientificly unfounded, specially because it’s taken as unquestionably truth and it had been spread largely all thoee days. Its main intention is propose a veiled reconstrution of the human being. In this way, it will be shown the “sexual redesign operation", that it a therapeutic fallacy proposed by this ideology. This false therapeutical promise carries a huge number of suicide cases. So, this work, presenting some famous cases of "transexual persons" that tryed or even carried out suicide, will try to look for some causes that make clear some clues to realize the real ideological gender's achievement.

Keywords: Gender Ideology. “Transexual” Persons. “Sexual Redesign” Cirurgies. Suicide.


Introdução



Já há alguns anos que a ideologia de gênero vem sendo repercutida. Como uma “ciência” que parece ser muito bem estabelecida, aos poucos este pensamento vai influenciando os diversos setores da sociedade, como a escola e a própria legislação (há países que retificaram algumas leis devido às questões de gênero). A repetição da palavra “gênero” tem sido tão constante, que, de forma inconsciente, em uma estratégia bem “foucaltiana”, aos poucos, parcelas da população já não têm falado mais o termo “sexo”, absorvendo todo o sentido imposto pelos defensores do gênero.
Junto a isto, já não é mais surpresa notícias que tratam de pessoas que optaram pela operação de “mudança de sexo”, por mais que boa parte da população relute ao ver este tipo de ato. Este fato, por mais que seja reprovável por muitos, de tanto ser repetido, tornou-se banal, ao ponto de alguns já nem se incomodarem mais ou até apoiarem estas atitudes.
No entanto, o que geralmente é mostrado é que as pessoas que recorrem a estas terapias não se “sentiam bem” com a sua sexualidade, com os seus corpos, por isso a operação e o tratamento de “redesignação sexual” era o grande meio para elas serem verdadeiramente felizes. Contudo, a mídia, muitas vezes, não mostra o desfecho destas histórias que parecem terem terminado muito bem, confirmando, assim a ideologia de gênero. A realidade é que o índice de suicídio de pessoas “transexuais” é altíssimo, o que revela que nos trâmites desta solução dos defensores do gênero há lacunas que eles preferem não divulgar, pois colocam em risco o pensamento construído artificialmente por eles.

1  As questões de gênero como um projeto ideológico



Facilmente, percebe-se como a corrente de pensamento sobre as questões de gênero tem ganhado relevância nos diversos meios de comunicação. É grande a diversidade de programas televisivos,1 de notícias, de livros e de artigos científicos que abordam este tema. Em sua maioria, estes tratam do assunto como algo muito bem definido, um progresso do conhecimento, algo irreversível para a humanidade, cabendo a todos aceitarem sem questionar esta nova percepção da sexualidade humana.
Porém, ao se deter nas obras principais que tentam fundamentar este pensamento, percebe-se, claramente, que as premissas das quais estes pensadores partem estão desconexas com a realidade. Inclusive, há um menosprezo pelo avanço dos estudos científicos sobre o assunto2, principalmente quando estes mostram que a discussão de gênero parte de falácias.3


1 Um exemplo deste é o documentário “A vida de Jazz” do canal TLC que trata do cotidiano de um adolescente “transgênero”. Diagnosticado aos 5 anos de idade com desordem de gênero, este passou a ser tratado como uma menina de nome Jazz. Cf. A Vida de Jazz. Produção: Taylor Garbutt; Jared Goode. Coral Springs: TLC, 2015.
2 “As feministas radicais de gênero acreditam que se os homens fizeram a história, a ciência e a religião para oprimir as mulheres, então as mulheres precisarão refazê-las para alcançar a libertação”. - Cf. O’LEARY, Dale.
A agenda de gênero: Redefinindo a igualdade. Disponível em: https://s3.amazonaws.com/padrepauloricardo- files/uploads/ou1vyvqf7edairu6mgq7/agenda-de-genero.pdf. Acesso em: 04.12.2018 p.21.
3 Há um estudo, por exemplo, dos cientistas Moran Gershoni e Shmule Pietrovski, o qual apresentou 1559 diferenças genéticas entre os homens e as mulheres. Mostrando, assim, que as distinções entre o homem e a mulher não são simplesmente cultural ou genital. Cf. GERSHONI, Moran; PIETROVSKI, Shmuel. The

As próprias influências intelectuais dos pensadores de gênero4 dão abertura para se entender que o que na realidade está em jogo é todo um projeto de reconstrução sociocultural, que recebe forte financiamento de grandes fundações,5 e que, na própria linguagem de alguns pensadores do assunto, influenciados por uma filosofia desconstrutivista,6 tem por objetivo uma reinterpretação dos valores sociais e culturais, como, também, uma nova concepção da ciência e da história, o que findaria em uma mudança radical, não somente da sociedade, mas do próprio homem, criando-se assim uma nova antropologia, embasada nos conceitos de gênero, que aniquila a natureza do ser humano, negando a sua própria sexualidade com o logro de estar reafirmando-a.7 Deste modo, capta-se que os famosos estudos de gênero na realidade fazem parte de um grande projeto ideológico.
“[...] uma ideologia é um corpo doutrinal fechado, com pretensões de oferecer uma explicação de toda a realidade e, por isso, oferecer pautas universais de comportamento. Parte de uma premissa não demonstrada e indemonstrável – porque é falsa – e, a partir dela, as consequências são deduzidas mediante raciocínios rigorosamente lógicos. Por isso, quem aceita a premissa acriticamente e assim se introduz no sistema de pensamento ideológico não pode sair dele. Pelo contrário, nele se introduz cada vez mais profundamente, podendo chegar até o mais irracional fanatismo. A única forma de sair da ideologia é descobrir a falsidade da premissa que lhe serve de fundamento aparente”.8
Sendo assim, existe uma diversidade de modos para se demonstrar os sofismas da ideologia de gênero. Porém, este breve artigo não se deterá nas premissas epistemológicas, mas nos resultados fatuais de quando esta ideologia é posta em prática, tratando do alto índice de suicídio das pessoas que se submetem às operações de “redesignação sexual”, ou, mais conhecidas como cirurgia de “mudança de sexo”.
 landscape of sex-differential transcriptiome and its consequente selection in human adults, 2017. Disponível em: https://bmcbiol.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12915-017-0352-z. Acesso em: 03.12.2018

Cf. SCALA, Jorge. Ideologia de Gênero: O neototalitarismo e a morte da família. São Paulo: Artpress; Katechesis, 2011. p.19-27.
“Em 1990 o Fundo dos Estados Unidos para as Mulheres havia criado a WEDO [Women's Environment and Development Organization] ou Organização das Mulheres para o Desenvolvimento e o Meio Ambiente. A ONG
recebeu apoio imediato das Fundações MacArthur, Ford, Noyes, Turner, das agencias daprópria ONU e de outros governos”. - Cf. O’LEARY. Op. cit. p.7.
Cf. SCALA. Op. cit. p.20.
7  Cf. Ibidem. p.46.
8  Ibidem. p.32-33.

2  O alto índice de suicídio de pessoas “transexuais”



Como já falado, é fato que cada vez mais é imposto, neste projeto de reengenharia social, os conceitos da ideologia de gênero. De forma sucinta, a defesa do gênero, a construção subjetiva que cada um deve fazer da sua sexualidade, independente dos dados biológicos, alargou-se, em uma de suas vertentes práticas, na defesa da cirurgia de “redesignação sexual”. Tomando a premissa de que a sexualidade que o indivíduo constrói de si pode distar dos dados fisiológicos que ele possui, este tem, nesta lógica de conceitos errados, o direito de fazer procedimentos para se parecer externamente com o que ele almeja “internamente”.



Daí, a grande propagação, por esta ideologia, tanto do tratamento dos indivíduos a partir do gênero que eles declaram de si,9 como da aceitação de que os mesmos indivíduos devem buscar “reconfigurar” os dados biológicos que estão desconformes com o projeto de sexualidade que eles erigiram subjetivamente.
Sendo assim, facilmente são transmitidas, em boa parte dos meios de comunicação, as inovações no tratamento para a “mudança de sexo” ou casos de pessoas que buscaram estes procedimentos, apoiando, desta forma, aquelas que ainda estão em dúvida em se submeter a estas terapias. No entanto, geralmente se oculta o grande índice de suicídio que há entre as pessoas “transexuais”.
Por exemplo, uma pesquisa10 feita, na Irlanda, em 2013, pela “Transgender Equality Network”, teve como resultado que 78% das pessoas “transexuais” pensaram em se suicidar, enquanto que 44% tentou ao menos uma vez o suicídio. Neste estudo foi visto que uma das causas para o suicídio, que foi elencada pelas pessoas “transexuais” observadas, foi o estresse extremo que está unido ao fato do indivíduo querer um sexo diferente do natural.
Outro estudo11 feito, desta vez nos Estados Unidos, em 2016, pelos renomados professores de psiquiatria Dr. Laurence S. Mayer e pelo Dr. Paul McHugh, publicado na revista “The New Atlantis”, cujo título é “Sexualidade e gênero: achados das ciências biológica, psicológica e social”, apresenta o dado de que as pessoas homossexuais e “transexuais”,  em  relação  ao  restante  da  população,  possuem  maior  índice  de problemas mentais, como a depressão e a tentativa de suicídio, e de adversidades sócio-comportamentais, como o maior uso de substâncias químicas e o sofrimento por abusos sexuais. Esta pesquisa estima que 41% das pessoas “transexuais” já tentaram o suicídio. Este número é alarmante diante das estimativas da população em geral, que é menos de 5%.

9 Um exemplo disso foi a aprovação da lei C-16 no Canadá, a qual pune, como “crime de ódio”, as pessoas que não tratarem às outras a partir das categorias de gênero. O Dr. Jordan Peterson, psicólogo da Universidade de Toronto, ganhou grande relevância por ser um intelectual que foi contra esta lei, acusando-a de ser tirânica e fruto de um projeto de reengenharia social. Peterson tem tido seu nome reconhecido como o de um grande opositor da ideologia de gênero. Sobre Jordan Peterson cf. CUNHA, Martim Vasques. Quem é Jordan Peterson, o intelectual mais  influente do  mundo.  2018. Disponível em:  https: //  www.gazetadopovo.com.br
/ideias/quem-e-jordan-peterson-o-intelectual-mais-influente-do-mundo-3581u1nmrn5m5fn52w9ck9cj9/. Acesso em: 03.12.2018
10 Cf. SOUZA, Vanderlúcio. Pensamento “suicida” é predominante entre transgêneros. 2014. Disponível  em: http://blogs.opovo.com.br/ancoradouro/2014/07/08/pensamento-suicida-e-majoritario-entre-transgeneros/. Acesso em: 18.09.2018
11 Cf. DIAS, Jurandir. Médicos americanos desmascaram a ideologia de gênero. 2016. Disponível em: https://ipco.org.br/medicos-americanos-desmascaram-a-ideologia-de-genero/#.W6qHamhKjIW. Acesso em: 25.09.2018


Em uma análise12 mais recente, de 2018, publicada pelo jornal acadêmico “Pediatrics”, da Academia Americana de Pediatria, cujo público alvo observado foi 120 mil adolescentes (entre 11 e 19 anos de idade), há o relato de que 50,8% das jovens meninas que apresentam a “disforia de gênero”, identificando-se, deste modo, como rapazes, já tentaram o suicídio, enquanto que para os rapazes que se identificam como meninas é de 29,9%. É apresentado também que a taxa de suicídio entre os jovens que não se identificam nem como homens nem como mulheres é de 40%.
Por mais que este último estudo não trate diretamente dos dados de suicídio entre as pessoas “transexuais”, se colocado em paralelo com os outros dois apresentados, anteriormente, que tratam diretamente deste assunto, podemos perceber como é alto o índice de tentativa de suicídio dos jovens que se identificam de forma distinta do seu sexo biológico e de como esses dados continuam muito altos para aqueles que passam pelas terapias de “mudança de sexo”.
Destarte, conclui-se que se deve sim aprofundar os estudos das causas desses  suicídios, havendo o melhor acompanhamento, para que sejam evitados. Porém, esses dados revelam o quanto as soluções e as categorizações da ideologia de gênero, por ser um rompimento do real, do natural, traz consigo finais catastróficos. Percebe-se que o belo discurso de gênero, imbuído de prévias afirmações e resultados não científicos, acarreta agressões não somente aos valores da sociedade, mas aos próprios indivíduos que, na prática, se deixam guiar por esta ideologia.

3  A apresentação de alguns casos



Diante desses dados, poder-se-ia, facilmente, de uma forma bem “rousseauniana”, colocar a culpa dessas tentativas de suicídio na sociedade, acusando esta de rejeitar as pessoas que se identificam com um gênero distinto do seu sexo biológico.13 Este artigo não pretende isentar as dificuldades e os preconceitos que as pessoas “transexuais” passam no seu cotidiano. Porém, partindo desses casos de suicídio, pretende demonstrar algumas justificativas pessoais (dos indivíduos que passaram por esta situação) que podem nos alertar para as causas dos mesmos, evitando, assim, a falácia dos ideólogos que insistem em afirmar que os altos índices de suicídio apresentados são, simplesmente, resultados de uma cultura ou de uma sociedade que ainda não se adequou às ideias de gênero.



12 Cf. TOOMEY, R. B.; SYVERSTSEN, A. K.; SHRAMKO, M. Transgender Adolescent Suicide Behavior. 2018. Disponível em:                                         http://pediatrics.aappublications.org/content/142/4/e20174218?sso=1&sso_redirect _ count=3&nfstatus=401&nftoken=00000000-0000-0000-0000-000000000000&nfstatusdescription     =ERROR% 3A%20No%20local%20token&nfstatus=401&nftoken=00000000-0000-0000-0000-000000000000&nfstatusdes cription=ERROR%3a+No+local+token. Acesso em: 04.12.2018



3.1  Walt Heyer


Entre estes casos,14 salienta-se, primeiramente, o de Walt Heyer,15 “ex-transexual”, o qual conta que a sua obsessão interior por ser uma mulher foi se alargando gradativamente em sua vida, mas que começou por uma brincadeira de sua vó, quando ele era criança, que fantasiando que o neto queria ser uma menina, fez um vestido roxo para ele usar. Essa primeira influência, tomou proporções maiores quando ele foi molestado pelo seu tio, o que o fez passar a ter vergonha de sua própria genitália. Por outro lado, também houve a disciplina rígida imposta por seu pai, que o fez alimentar dentro de si a incapacidade por não corresponder com o que era esperado dele.
Na vida adulta, após constituir a sua família, e ser bem sucedido financeiramente, Heyer continuava atormentado pelo desejo de ser do sexo oposto, o que fez ele se tornar alcoólatra, e continuar se travestindo como mulher, de forma escondida (hábito que ele adquiriu desde a adolescência). Disto, ele viu que a solução para a sua tribulação interior seria a cirurgia de “mudança de sexo”. Porém, o que parecia a grande solução, logo se tornou um grande meio de conflitos, pois Heyer percebia que o que havia feito só tinha mudado o seu exterior, mas não o seu interior. A cirurgia, na realidade, foi uma grande fraude.

No entanto, somou-se ao conflito interior já existente em Heyer, a percepção de que a cirurgia havia acabado com a sua identidade, como, também, com a sua família, com o seu ciclo social e com o seu emprego. No alargamento do seu tormento psicológico, ele tentou suicídio, pulando de um prédio, mas o ato foi impedido.

13 Na pesquisa já citada feita pelos Doutores Mayer e McHugh, é apontado que a teoria do “modelo estresse social”, a qual defende que a maior parte desses suicídios são causados devido à discriminação que as pessoas transexuais sofrem, não explica a disparidade nos altos índices de suicídio dessas pessoas. Cf. DIAS. Op. cit.
14 Em 2017 foi lançado um documentário chamado “Tranzformed” que conta sobre quinze pessoas que foram “transexuais” e fizeram um processo de retorno à sua identidade sexual real. - Cf. TrasnZformed: Finding Peace with Your God-Given Gender. Direção: Karl Sutton. Produção: David Kyle Foster. 2017.
15 Cf. BAKLINSKI, Peter. Journey to manhood: a former “transexual” tells his story. Carlsbad, 2011. Disponível em: https://www.lifesitenews.com/news/journey-to-manhood-a-former-transsexual-tells-his-story. Acesso em: 25.09.2018

O desfecho desta história é que Heyer, a partir de uma experiência religiosa com Jesus Cristo, começou a trabalhar a sua identidade real e a fazer o caminho de volta para a sua masculinidade. Atualmente, ele faz muitas palestras contando o seu testemunho e falando sobre a degradação que a operação de “redesignação sexual” pode causar no indivíduo, defendendo que as pessoas que querem se submeter a esta cirurgia, na realidade, devem buscar um psicólogo ou um psiquiatra que a ajude a entender a raiz desse desejo de ser de outro sexo. Estas questões devem ser aprofundadas para que a pessoa aceite o que ela é, assumindo o seu sexo biológico.
Fora isso, Walt Heyer possui um site (www.sexchangeregret.com), que tem cerca de 300 mil acessos por ano, que atende diretamente pessoas “transexuais” que se arrependem de ter feito esse processo operatório. Heyer, em sua vasta experiência afirma que a maioria das pessoas que pensam na “mudança de sexo”, assim como ele, sofreu algum abuso sexual quando criança.16

3.2  Mike Penner e Nancy Verhelst


Outro caso a ser exposto é o de Mike Penner, colunista do jornal “The New York Times”, que se tornou um transexual bem conhecido, passando a ser chamado de Christine Daniels.17 Ele era bem famoso, sendo comentarista de esportes e tendo o blog “A mulher do progresso”. Porém, mesmo diante deste seu sucesso no campo midiático, em 2008 ele quis voltar às aparências de sua identidade masculina. Mike acabou se suicidando em novembro de 2009.
Nancy Verhelst era uma mulher belga que em 2009 começou o tratamento para se parecer com um homem. Passando, deste modo, em 2012, por duas cirurgias, a de mastectomia (retirada dos seios) e a operação plástica de “reconstrução” do falo masculino. Em setembro de 2013, Nancy, que era chamada de Nathan, pediu o suicídio assistido (foi aplicada nela, por médicos, uma injeção letal). Antes da morte, em uma entrevista, Nancy diz claramente sobre a rejeição de si sobre o resultado da cirurgia, afirmando, também, que não queria ser um monstro.


16 Cf. HEYER, Walt. Childhood sexual abuse, gender dysphoria, and transition regret: Billy’s Story. 2018. Disponível em: https://www.thepublicdiscourse.com/2018/03/21178/. Acesso em: 04.12.2018
17 Cf. DIAS, Jurandir. O alto índice de suicídio entre os Transexuais. 2017. Disponível em: https://ipco.org.br/ o-alto-indice-de-suicidio-entre-os-transexuais/#.W6rUeGhKjIV. Acesso em: 18.09.2018

Analisando os dois fatos, sem deixar de ser condolente com as pessoas envolvidas, percebe-se que, mesmo diante de um aparente apoio social, as grandes questões que circundavam Penner e Verhelst eram interiores, agravadas pela crise de identidade ocasionada pela cirurgia de “redesignação sexual”.

3.3  O caso dos irmãos Reimer


Por fim, como último caso a ser citado neste artigo, ressalta-se a drástica experiência de gênero que o Dr. John Money fez com os irmãos gêmeos Reimer.18 O Dr Money (1921- 2006), psicólogo norte-americano da John Hopkins University, foi um dos pioneiros a alavancar as teorias da ideologia de gênero. Devido a isso, era comum as suas aparições em programas televisivos, nos quais ele divulgava as suas ideias de “reconstrução” do comportamento sexual e da sexualidade como um todo.
Tendo esta visibilidade, John Money, que acreditava que a sexualidade era muito mais resultado da educação do que das influências biológicas, fez uma experiência concreta, partindo de suas premissas, em dois irmãos Brian e Bruce Reimer. Este último havia sofrido um acidente que tinha mutilado a sua genitália. Seus pais procuraram o Dr. Money, em busca das soluções que ele propagava. A partir disso, o Dr. Money começou seu experimento: Bruce fez uma cirurgia plástica de “redesignação sexual” e passou a ser tratado como uma menina, sendo chamado de Brenda.
Este aclamado experimento, que ainda hoje é tido como exemplo para muitos ideólogos de gênero19 teve um fim drástico. Bruce, mesmo sendo tratado como uma menina desde tenra idade, sempre se sentiu diferente, até que aos treze anos disse aos pais que se suicidaria se tivesse que ir ver de novo o Dr Money para o acompanhamento terapêutico. Os pais de Bruce interromperam o tratamento, mas enquanto isso, o Dr. John Money, publicava diversos artigos sobre o êxito da sua experiência.
Porém, o desfecho desta história que não foi divulgado por Money foi que quando Bruce soube o que havia acontecido consigo, ele buscou uma série de cirurgias para recompor a sua aparência masculina, ele deu a si o nome de David. Porém, as marcas desta experiência desumana afetou toda a família Reimer. Em resumo, sentindo-se culpados pelo tratamento  que submeteram aos seus filhos, o pai dos gêmeos Reimer tornou-se alcoólatra, enquanto a mãe tentou suicídio. Brian Reimer, que participava das sessões “terapêuticas” do Dr Money, logo na adolescência começou a usar drogas, e, em 2002, com um quadro de esquizofrenia,  suicidou-se por uma overdose de antidepressivos. Bruce-David Reimer tentou reconstituir a sua vida, porém, devido aos traumas, acabou, também, se suicidando com um tiro na cabeça em 2004.

Este último caso dista dos anteriores citados, pois não foi iniciativa de Bruce Reimer se submeter à cirurgia de “troca de sexo”. No entanto, mostra que mesmo se uma criança, desde tenra idade, for tratada conforme o pensamento da ideologia de gênero, isto tem graves consequências em sua identidade, levando-a, como visto, a uma situação de crise existencial, pois o gênero que foi “construído” é tirano diante do que a pessoa verdadeiramente é, o que pode acarretar em um vazio de sentido que leve esta mesma pessoa ao suicídio.





18 Cf. DUFAUR, Luis. “Ideologia de Gênero”: a experiência monstruosamente fracassada dos gêmeos Reimer. 2016. Disponível em: https://ipco.org.br/ideologia-de-genero-a-experiencia-monstruosamente- fracassada-do-gemeos-reimer/#.W6FRX-hKjIU. Acesso em: 18.09.2018
19 Cf. SCALA. Op. cit. p.22-24.

Considerações finais



Percebe-se, a partir da pesquisa realizada neste artigo, que as questões de gênero, desconformes com a realidade, possuem um forte intuito ideológico com a finalidade de promover uma “reconstrução” antropológica, alterando as concepções sexuais ontológicas e fisiológicas do homem, promovendo, assim, uma degradação do mesmo, desconfigurando-o do seu próprio ser. Esta promoção desconstrucionista atinge diretamente os valores e as instituições sociais, hoje ditas “tradicionais”, como a família que, fortemente atacada,  é muitas vezes apresentada, por estes ideólogos, como realidade obsoleta ou que deve ser reconfigurada.
Os defensores desta ideologia agem, em seus argumentos, de forma irresponsável, não se preocupando com a certificação científica dos dados que apresentam ou com os resultados negativos que as soluções propostas pelos mesmos podem causar nas pessoas que seguem os seus conselhos. Isto, como foi visto, é notado na grande propagação feita pela ideologia de gênero da cirurgia de “redesignação sexual”, aconselhada como solução para aqueles que se sentem insatisfeitos com a sua aparência corporal. Porém, é grande o número de pessoas insatisfeitas com este procedimento e que tentam o suicídio ou acabam-no cometendo. Este resultado apresenta como este procedimento cirúrgico proposto por estes ideólogos não é uma solução cabível, já que possui um grande índice de fatalidades. Porém, o que ainda é mais desonesto, é que os defensores deste método não apresentam aos que pretendem se submeter a esta cirurgia o alto índice de sequelas negativas presentes no mesmo.
Em contrapartida, para salvaguardar este procedimento, os ideólogos de gênero costumam colocar a culpa destes suicídios na sociedade, afirmando que muitas pessoas ainda não aceitam os indivíduos que têm “disforia de gênero”, não os respeitando. Assim, estes,


pressionados e perseguidos socialmente acabam cometendo suicídio. Porém, percebemos que esta defesa, olhando-se para alguns casos, como os que foram apresentados neste trabalho, é uma generalização falaciosa, já que muitas das pessoas que passam por este procedimento conseguem um enlevo social, porém, paralelo a isso, entram em uma forte crise de identidade, arrependendo-se do procedimento ao qual se submeteram. Esta crise, em muitos casos, culmina na tentativa de suicídio.
Enfim, é preciso mostrar ao homem, fazendo o esforço de uma recuperação da metafísica, o que ele realmente é, apresentando a sua condição ontológica, a sua relacionalidade, a sua afetividade, a sua sexualidade, realidades inerentes a ele, que devem ser amadurecidas, mas não anuladas ou alteradas radicalmente por um capricho subjetivista. Portanto, deve-se deixar bem claro as posturas ideológicas por detrás das questões de gênero, que, no fim, se aproveitam do homem, tentando modificá-lo, para, na verdade, defender conceitos que promovam uma “reconstrução” da sociedade, disforme com a realidade, com os valores tradicionais, com o homem comum. Apesar disso, é preciso amparar as pessoas que entraram nesta falácia e acabaram se submetendo a este procedimento cirúrgico, auxiliando-as a encontrarem a sua verdadeira sexualidade e a valorizarem a sua vida, dando um verdadeiro sentido para a mesma.

Referências bibliográficas.



A Vida de Jazz. Produção: Taylor Garbutt; Jared Goode. Coral Springs: TLC, 2015.

BAKLINSKI, Peter. Journey to manhood: a former “transexual” tells his story. Carlsbad, 2011. Disponível em: https://www.lifesitenews.com/news/journey-to-manhood-a-former- transsexual-tells-his-story. Acesso em: 25.09.2018

CUNHA, Martim Vasques. Quem é Jordan Peterson, o intelectual mais influente do mundo. 2018. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/quem-e-jordan- peterson-o-intelectual-mais-influente-do-mundo-3581u1nmrn5m5fn52w9ck9cj9/. Acesso em: 03.12.2018

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            . O alto índice de suicídio entre os Transexuais. 2017. Disponível em: https://ipco.org.br/o-alto-indice-de-suicidio-entre-os-transexuais/#.W6rUeGhKjIV. Acesso em: 18.09.2018

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GERSHONI, Moran; PIETROVSKI, Shmuel. The landscape of sex-differential transcriptiome and its consequente selection in human adults, 2017. Disponível em: https://bmcbiol.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12915-017-0352-z. Acesso em: 03.12.2018

HEYER, Walt. Childhood sexual abuse, gender dysphoria, and transition regret: Billy’s Story. 2018. Disponível em: https://www.thepublicdiscourse.com/2018/03/21178/. Acesso em: 04.12.2018

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TrasnZformed: Finding Peace with Your God-Given Gender. Direção: Karl Sutton. Produção: David Kyle Foster. 2017.







Antônio Gomes Vieira Macedo Júnior*
Bacharel em Filosofia pela Faculdade Católica de Fortaleza, Bacharelando em Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza. Trabalho de pesquisa realizado na disciplina de Bioética em 2018, com a orientação do Dr. Prof. Pe Marcos Mendes de Oliveira.

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