Resumo: Este artigo tem o objetivo de
apresentar como as questões de gênero fazem parte de um constructo ideológico.
Faz-se necessário diante do avanço deste pensamento, disforme com a realidade,
repetidamente tratado como científico e correto, mostrar a farsa que há nele e
como o mesmo, por negar, pretendendo uma “reconstrução”, uma realidade
estrutural e ontológica do homem, a sexualidade, tende, com as suas soluções
fajutas, destruir o próprio ser humano. Para isso, expor-se-á uma das falácias
terapêuticas defendida por esta ideologia que é a operação de “redesignação
sexual”. Esta, que é prometida como uma solução conforme as premissas da
ideologia de gênero, tem como resultado altos índices de suicídio por parte das
pessoas que se submetem a ela. Deste modo, este trabalho, apresentando alguns
casos famosos de pessoas “transexuais” que tentaram o suicídio ou o realizaram,
deter-se-á em encontrar algumas causas que deem pistas para se perceber o logro
próprio da ideologia de gênero.
Palavras-chave: Ideologia de Gênero.
Pessoas “Transexuais”. Cirurgia de “redesignação sexual”. Suicídio.
Abstract: This article’s main goal is
presente how the gender question was constructed by ideological means. It’s
necessary to show how this ideological douctrine is cientificly unfounded,
specially because it’s taken as unquestionably truth and it had been spread
largely all thoee days. Its main intention is propose a veiled reconstrution of
the human being. In this way, it will be shown the “sexual redesign
operation", that it a therapeutic fallacy proposed by this ideology. This
false therapeutical promise carries a huge number of suicide cases. So, this
work, presenting some famous cases of "transexual persons" that tryed
or even carried out suicide, will try to look for some causes that make clear
some clues to realize the real ideological gender's achievement.
Keywords: Gender
Ideology. “Transexual” Persons. “Sexual Redesign” Cirurgies. Suicide.
Introdução
Já há alguns anos que a ideologia de gênero vem sendo
repercutida. Como uma “ciência” que parece ser muito bem estabelecida, aos
poucos este pensamento vai influenciando os diversos setores da sociedade, como
a escola e a própria legislação (há países que retificaram algumas leis devido
às questões de gênero). A repetição da palavra “gênero” tem sido tão constante,
que, de forma inconsciente, em uma estratégia bem “foucaltiana”, aos poucos, parcelas
da população já não têm falado mais o termo “sexo”, absorvendo todo o sentido
imposto pelos defensores do gênero.
Junto a isto, já não é mais surpresa notícias que
tratam de pessoas que optaram pela operação de “mudança de sexo”, por mais que
boa parte da população relute ao ver este tipo de ato. Este fato, por mais que
seja reprovável por muitos, de tanto ser repetido, tornou-se banal, ao ponto de
alguns já nem se incomodarem mais ou até apoiarem estas atitudes.
No entanto, o que geralmente é mostrado é que as
pessoas que recorrem a estas terapias não se “sentiam bem” com a sua
sexualidade, com os seus corpos, por isso a operação e o tratamento de
“redesignação sexual” era o grande meio para elas serem verdadeiramente
felizes. Contudo, a mídia, muitas vezes, não mostra o desfecho destas histórias
que parecem terem terminado muito bem, confirmando, assim a ideologia de
gênero. A realidade é que o índice de suicídio de pessoas “transexuais” é
altíssimo, o que revela que nos trâmites desta solução dos defensores do gênero
há lacunas que eles preferem não divulgar, pois colocam em risco o pensamento
construído artificialmente por eles.
1
As questões de gênero como um projeto ideológico
Facilmente, percebe-se como a corrente de pensamento
sobre as questões de gênero tem ganhado relevância nos diversos meios de
comunicação. É grande a diversidade de programas televisivos,1 de
notícias, de livros e de artigos científicos que abordam este tema. Em sua
maioria, estes tratam do assunto como algo muito bem definido, um progresso do
conhecimento, algo irreversível para a humanidade, cabendo a todos aceitarem
sem questionar esta nova percepção da sexualidade humana.
Porém, ao se deter nas obras principais que tentam
fundamentar este pensamento, percebe-se, claramente, que as premissas das quais
estes pensadores partem estão desconexas com a realidade. Inclusive, há um
menosprezo pelo avanço dos estudos científicos sobre o assunto2,
principalmente quando estes mostram que a discussão de gênero parte de falácias.3
1 Um exemplo deste é o documentário “A vida de Jazz” do canal TLC que
trata do cotidiano de um adolescente “transgênero”. Diagnosticado aos 5 anos de
idade com desordem de gênero, este passou a ser tratado como uma menina de nome
Jazz. Cf. A Vida de Jazz. Produção:
Taylor Garbutt; Jared Goode. Coral Springs: TLC, 2015.
2 “As feministas radicais de
gênero acreditam que se os homens fizeram a história, a ciência e a religião
para oprimir as mulheres, então as mulheres precisarão refazê-las para alcançar
a libertação”. - Cf. O’LEARY, Dale.
A agenda de gênero: Redefinindo a igualdade. Disponível em:
https://s3.amazonaws.com/padrepauloricardo- files/uploads/ou1vyvqf7edairu6mgq7/agenda-de-genero.pdf.
Acesso em: 04.12.2018 p.21.
3 Há um estudo, por exemplo,
dos cientistas Moran Gershoni e Shmule Pietrovski, o qual apresentou 1559
diferenças genéticas entre os homens e as mulheres. Mostrando, assim, que as
distinções entre o homem e a mulher não são simplesmente cultural ou genital.
Cf. GERSHONI, Moran; PIETROVSKI, Shmuel. The
As próprias influências intelectuais dos pensadores
de gênero4 dão abertura para se entender que o que na realidade está
em jogo é todo um projeto de reconstrução sociocultural, que recebe forte
financiamento de grandes fundações,5 e que, na própria linguagem de
alguns pensadores do assunto, influenciados por uma filosofia
desconstrutivista,6 tem por objetivo uma reinterpretação dos valores
sociais e culturais, como, também, uma nova concepção da ciência e da história,
o que findaria em uma mudança radical, não somente da sociedade, mas do próprio
homem, criando-se assim uma nova antropologia, embasada nos conceitos de
gênero, que aniquila a natureza do ser humano, negando a sua própria
sexualidade com o logro de estar reafirmando-a.7 Deste modo,
capta-se que os famosos estudos de gênero na realidade fazem parte de um grande
projeto ideológico.
“[...] uma ideologia é um corpo doutrinal fechado, com pretensões de
oferecer uma explicação de toda a realidade e, por isso, oferecer pautas
universais de comportamento. Parte de uma premissa não demonstrada e
indemonstrável – porque é falsa – e, a partir dela, as consequências são
deduzidas mediante raciocínios rigorosamente lógicos. Por isso, quem aceita a
premissa acriticamente e assim se introduz no sistema de pensamento ideológico
não pode sair dele. Pelo contrário, nele se introduz cada vez mais
profundamente, podendo chegar até o mais irracional fanatismo. A única forma de
sair da ideologia é descobrir a falsidade da premissa que lhe serve de
fundamento aparente”.8
Sendo assim, existe uma diversidade de modos para se
demonstrar os sofismas da ideologia de gênero. Porém, este breve artigo não se
deterá nas premissas epistemológicas, mas nos resultados fatuais de quando esta
ideologia é posta em prática, tratando do alto índice de suicídio das pessoas
que se submetem às operações de “redesignação sexual”, ou, mais conhecidas como
cirurgia de “mudança de sexo”.
4 Cf. SCALA, Jorge. Ideologia de Gênero: O neototalitarismo e a morte da família. São Paulo: Artpress; Katechesis, 2011. p.19-27.
5 “Em 1990 o Fundo dos Estados Unidos para as Mulheres havia criado a WEDO [Women's Environment and Development Organization] ou Organização das Mulheres para o Desenvolvimento e o Meio Ambiente. A ONG
recebeu apoio imediato das Fundações MacArthur, Ford, Noyes, Turner, das agencias daprópria ONU e de outros governos”. - Cf. O’LEARY. Op. cit. p.7.
6 Cf. SCALA. Op. cit. p.20.
7 Cf. Ibidem. p.46.
8 Ibidem. p.32-33.
2
O alto índice de suicídio de pessoas “transexuais”
Como já falado, é fato que cada vez mais é imposto,
neste projeto de reengenharia social, os conceitos da ideologia de gênero. De
forma sucinta, a defesa do gênero, a construção subjetiva que cada um deve fazer da sua sexualidade, independente dos dados biológicos, alargou-se, em uma de suas vertentes práticas, na defesa da cirurgia de “redesignação sexual”. Tomando a premissa de que a sexualidade que o indivíduo constrói de si pode distar dos dados fisiológicos que ele possui, este tem, nesta lógica de conceitos errados, o direito de fazer procedimentos para se parecer externamente com o que ele almeja “internamente”.
Daí, a grande propagação, por esta ideologia, tanto do
tratamento dos indivíduos a partir do gênero que eles declaram de si,9
como da aceitação de que os mesmos indivíduos devem buscar “reconfigurar” os
dados biológicos que estão desconformes com o projeto de sexualidade que eles
erigiram subjetivamente.
Sendo assim, facilmente são transmitidas, em boa
parte dos meios de comunicação, as inovações no tratamento para a “mudança de
sexo” ou casos de pessoas que buscaram estes procedimentos, apoiando, desta
forma, aquelas que ainda estão em dúvida em se submeter a estas terapias. No
entanto, geralmente se oculta o grande índice de suicídio que há entre as
pessoas “transexuais”.
Por exemplo, uma pesquisa10 feita, na
Irlanda, em 2013, pela “Transgender Equality Network”, teve como resultado que
78% das pessoas “transexuais” pensaram em se suicidar, enquanto que 44% tentou
ao menos uma vez o suicídio. Neste estudo foi visto que uma das causas para o
suicídio, que foi elencada pelas pessoas “transexuais” observadas, foi o
estresse extremo que está unido ao fato do indivíduo querer um sexo diferente
do natural.
Outro estudo11 feito, desta vez nos
Estados Unidos, em 2016, pelos renomados professores de psiquiatria Dr.
Laurence S. Mayer e pelo Dr. Paul McHugh, publicado na revista “The New
Atlantis”, cujo título é “Sexualidade e gênero: achados das ciências biológica,
psicológica e social”, apresenta o dado de que as pessoas homossexuais e
“transexuais”, em relação
ao restante da
população, possuem maior
índice de problemas mentais, como a depressão e a tentativa de suicídio, e de adversidades sócio-comportamentais, como o maior uso de substâncias químicas e o sofrimento por abusos sexuais. Esta pesquisa estima que 41% das pessoas “transexuais” já tentaram o suicídio. Este número é alarmante diante das estimativas da população em geral, que é menos de 5%.
9 Um exemplo disso foi a aprovação da lei C-16 no Canadá, a qual pune,
como “crime de ódio”, as pessoas que não tratarem às outras a partir das
categorias de gênero. O Dr. Jordan Peterson, psicólogo da Universidade de
Toronto, ganhou grande relevância por ser um intelectual que foi contra esta
lei, acusando-a de ser tirânica e fruto de um projeto de reengenharia social.
Peterson tem tido seu nome reconhecido como o de um grande opositor da
ideologia de gênero. Sobre Jordan Peterson cf. CUNHA, Martim Vasques. Quem é Jordan Peterson, o intelectual
mais influente do mundo.
2018. Disponível em: https:
// www.gazetadopovo.com.br
/ideias/quem-e-jordan-peterson-o-intelectual-mais-influente-do-mundo-3581u1nmrn5m5fn52w9ck9cj9/.
Acesso em: 03.12.2018
10 Cf. SOUZA, Vanderlúcio. Pensamento “suicida” é predominante entre
transgêneros. 2014. Disponível em: http://blogs.opovo.com.br/ancoradouro/2014/07/08/pensamento-suicida-e-majoritario-entre-transgeneros/. Acesso em: 18.09.2018
11 Cf. DIAS, Jurandir. Médicos americanos desmascaram a ideologia
de gênero. 2016. Disponível em: https://ipco.org.br/medicos-americanos-desmascaram-a-ideologia-de-genero/#.W6qHamhKjIW.
Acesso em: 25.09.2018
Em uma análise12 mais recente, de 2018,
publicada pelo jornal acadêmico “Pediatrics”, da Academia Americana de
Pediatria, cujo público alvo observado foi 120 mil adolescentes (entre 11 e 19
anos de idade), há o relato de que 50,8% das jovens meninas que apresentam a
“disforia de gênero”, identificando-se, deste modo, como rapazes, já tentaram o
suicídio, enquanto que para os rapazes que se identificam como meninas é de
29,9%. É apresentado também que a taxa de suicídio entre os jovens que não se
identificam nem como homens nem como mulheres é de 40%.
Por mais que este último estudo não trate diretamente
dos dados de suicídio entre as pessoas “transexuais”, se colocado em paralelo
com os outros dois apresentados, anteriormente, que tratam diretamente deste
assunto, podemos perceber como é alto o índice de tentativa de suicídio dos
jovens que se identificam de forma distinta do seu sexo biológico e de como
esses dados continuam muito altos para aqueles que passam pelas terapias de
“mudança de sexo”.
Destarte, conclui-se que se deve sim aprofundar os
estudos das causas desses suicídios,
havendo o melhor acompanhamento, para que sejam evitados. Porém, esses dados
revelam o quanto as soluções e as categorizações da ideologia de gênero, por
ser um rompimento do real, do natural, traz consigo finais catastróficos.
Percebe-se que o belo discurso de gênero, imbuído de prévias afirmações e
resultados não científicos, acarreta
agressões não somente aos valores da sociedade, mas aos próprios indivíduos
que, na prática, se deixam guiar por esta ideologia.
3
A apresentação de alguns casos
Diante desses dados, poder-se-ia, facilmente, de uma
forma bem “rousseauniana”, colocar a culpa dessas tentativas de suicídio na
sociedade, acusando esta de rejeitar as pessoas que se identificam com um gênero distinto do seu sexo biológico.13 Este artigo não pretende isentar as dificuldades e os preconceitos que as pessoas “transexuais” passam no seu cotidiano. Porém, partindo desses casos de suicídio, pretende demonstrar algumas justificativas pessoais (dos indivíduos que passaram por esta situação) que podem nos alertar para as causas dos mesmos, evitando, assim, a falácia dos ideólogos que insistem em afirmar que os altos índices de suicídio apresentados são, simplesmente, resultados de uma cultura ou de uma sociedade que ainda não se adequou às ideias de gênero.
12 Cf. TOOMEY, R. B.; SYVERSTSEN, A. K.; SHRAMKO, M. Transgender Adolescent Suicide Behavior. 2018. Disponível em: http://pediatrics.aappublications.org/content/142/4/e20174218?sso=1&sso_redirect _
count=3&nfstatus=401&nftoken=00000000-0000-0000-0000-000000000000&nfstatusdescription =ERROR%
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cription=ERROR%3a+No+local+token. Acesso em:
04.12.2018
3.1 Walt Heyer
Entre estes casos,14 salienta-se,
primeiramente, o de Walt Heyer,15 “ex-transexual”, o qual conta que
a sua obsessão interior por ser uma mulher foi se alargando gradativamente em
sua vida, mas que começou por uma brincadeira de sua vó, quando ele era
criança, que fantasiando que o neto queria ser uma menina, fez um vestido roxo
para ele usar. Essa primeira influência, tomou proporções maiores quando ele
foi molestado pelo seu tio, o que o fez passar a ter vergonha de sua própria
genitália. Por outro lado, também houve a disciplina rígida imposta por seu
pai, que o fez alimentar dentro de si a incapacidade por não corresponder com o
que era esperado dele.
Na vida adulta, após constituir a sua família, e ser
bem sucedido financeiramente, Heyer continuava atormentado pelo desejo de ser
do sexo oposto, o que fez ele se tornar alcoólatra, e continuar se travestindo
como mulher, de forma escondida (hábito que ele adquiriu desde a adolescência).
Disto, ele viu que a solução para a sua tribulação interior seria a cirurgia de
“mudança de sexo”. Porém, o que parecia a grande solução, logo se tornou um
grande meio de conflitos, pois Heyer percebia que o que havia feito só tinha
mudado o seu exterior, mas não o seu interior. A cirurgia, na realidade, foi
uma grande fraude.
No entanto, somou-se ao conflito interior já existente em Heyer, a percepção de que a cirurgia havia acabado com a sua identidade, como, também, com a sua família, com o seu ciclo social e com o seu emprego. No alargamento do seu tormento psicológico, ele tentou suicídio, pulando de um prédio, mas o ato foi impedido.
13 Na pesquisa já citada feita pelos Doutores Mayer e McHugh, é apontado
que a teoria do “modelo estresse social”, a qual defende que a maior parte
desses suicídios são causados devido à discriminação que as pessoas transexuais
sofrem, não explica a disparidade nos altos índices de suicídio dessas pessoas.
Cf. DIAS. Op. cit.
14 Em 2017 foi lançado um
documentário chamado “Tranzformed” que conta sobre quinze pessoas que foram
“transexuais” e fizeram um processo de retorno à sua identidade sexual real. -
Cf. TrasnZformed: Finding Peace with
Your God-Given Gender. Direção: Karl Sutton. Produção: David Kyle Foster. 2017.
15 Cf. BAKLINSKI, Peter. Journey to manhood: a former “transexual”
tells his story. Carlsbad, 2011. Disponível em: https://www.lifesitenews.com/news/journey-to-manhood-a-former-transsexual-tells-his-story. Acesso em: 25.09.2018
O desfecho desta história é que Heyer, a partir de
uma experiência religiosa com Jesus Cristo, começou a trabalhar a sua
identidade real e a fazer o caminho de volta para a sua masculinidade.
Atualmente, ele faz muitas palestras contando o seu testemunho e falando sobre
a degradação que a operação de “redesignação sexual” pode causar no indivíduo, defendendo que as pessoas que
querem se submeter a esta cirurgia, na realidade, devem buscar um psicólogo ou
um psiquiatra que a ajude a entender a raiz desse desejo de ser de outro sexo.
Estas questões devem ser aprofundadas para que a pessoa aceite o que ela é,
assumindo o seu sexo biológico.
Fora isso, Walt Heyer possui um site (www.sexchangeregret.com),
que tem cerca de 300 mil acessos por ano, que atende diretamente pessoas
“transexuais” que se arrependem de ter feito esse processo operatório. Heyer,
em sua vasta experiência afirma que a maioria das pessoas que pensam na
“mudança de sexo”, assim como ele, sofreu algum abuso sexual quando criança.16
3.2 Mike
Penner e Nancy Verhelst
Outro caso a ser exposto é o de Mike Penner,
colunista do jornal “The New York Times”, que se tornou um transexual bem
conhecido, passando a ser chamado de Christine Daniels.17 Ele era
bem famoso, sendo comentarista de esportes e tendo o blog “A mulher do
progresso”. Porém, mesmo diante deste seu sucesso no campo midiático, em 2008
ele quis voltar às aparências de sua identidade masculina. Mike acabou se
suicidando em novembro de 2009.
Nancy Verhelst era uma mulher belga que em 2009 começou
o tratamento para se parecer com um homem. Passando, deste modo, em 2012, por
duas cirurgias, a de mastectomia (retirada dos seios) e a operação plástica de
“reconstrução” do falo masculino. Em setembro de 2013, Nancy, que era chamada
de Nathan, pediu o suicídio assistido (foi aplicada nela, por médicos, uma
injeção letal). Antes da morte, em uma entrevista, Nancy diz claramente sobre a
rejeição de si sobre o resultado da cirurgia, afirmando, também, que não queria
ser um monstro.
16
Cf. HEYER,
Walt. Childhood sexual abuse, gender
dysphoria, and transition regret: Billy’s Story. 2018. Disponível em:
https://www.thepublicdiscourse.com/2018/03/21178/. Acesso em: 04.12.2018
17 Cf. DIAS, Jurandir. O alto índice de suicídio entre os Transexuais. 2017. Disponível
em: https://ipco.org.br/
o-alto-indice-de-suicidio-entre-os-transexuais/#.W6rUeGhKjIV. Acesso em:
18.09.2018
Analisando os dois fatos, sem deixar de ser condolente com as pessoas envolvidas, percebe-se que, mesmo diante de um aparente apoio social, as grandes questões que circundavam
Penner e Verhelst eram interiores, agravadas pela crise de identidade
ocasionada pela cirurgia de “redesignação sexual”.
3.3 O
caso dos irmãos Reimer
Por fim, como último caso a ser citado neste artigo,
ressalta-se a drástica experiência de gênero que o Dr. John Money fez com os
irmãos gêmeos Reimer.18 O Dr Money (1921- 2006), psicólogo
norte-americano da John Hopkins University, foi um dos pioneiros a alavancar as
teorias da ideologia de gênero. Devido a isso, era comum as suas aparições em
programas televisivos, nos quais ele divulgava as suas ideias de “reconstrução”
do comportamento sexual e da sexualidade como um todo.
Tendo esta visibilidade, John Money, que acreditava
que a sexualidade era muito mais resultado da educação do que das influências
biológicas, fez uma experiência concreta, partindo de suas premissas, em dois
irmãos Brian e Bruce Reimer. Este último havia sofrido um acidente que tinha
mutilado a sua genitália. Seus pais procuraram o Dr. Money, em busca das
soluções que ele propagava. A partir disso, o Dr. Money começou seu
experimento: Bruce fez uma cirurgia plástica de “redesignação sexual” e passou
a ser tratado como uma menina, sendo chamado de Brenda.
Este aclamado experimento, que ainda hoje é tido como
exemplo para muitos ideólogos de gênero19 teve um fim drástico.
Bruce, mesmo sendo tratado como uma menina desde tenra idade, sempre se sentiu
diferente, até que aos treze anos disse aos pais que se suicidaria se tivesse
que ir ver de novo o Dr Money para o acompanhamento terapêutico. Os pais de
Bruce interromperam o tratamento, mas enquanto isso, o Dr. John Money,
publicava diversos artigos sobre o êxito da sua experiência.
Porém, o desfecho desta história que não foi
divulgado por Money foi que quando Bruce soube o que havia acontecido consigo,
ele buscou uma série de cirurgias para recompor a sua aparência masculina, ele
deu a si o nome de David. Porém, as marcas desta experiência desumana afetou
toda a família Reimer. Em resumo, sentindo-se culpados pelo tratamento que submeteram aos seus filhos, o pai dos
gêmeos Reimer tornou-se alcoólatra, enquanto a mãe tentou suicídio. Brian
Reimer, que participava das sessões “terapêuticas” do Dr Money, logo na adolescência começou
a usar drogas, e, em 2002, com um quadro de esquizofrenia, suicidou-se por uma overdose de antidepressivos. Bruce-David Reimer tentou reconstituir a sua vida, porém, devido aos traumas, acabou, também, se suicidando com um tiro na cabeça em 2004.
Este último caso dista dos anteriores citados, pois não foi iniciativa de Bruce Reimer se submeter à cirurgia de “troca de sexo”. No entanto, mostra que mesmo se uma criança, desde tenra idade, for tratada conforme o pensamento da ideologia de gênero, isto tem graves consequências em sua identidade, levando-a, como visto, a uma situação de crise existencial, pois o gênero que foi “construído” é tirano diante do que a pessoa verdadeiramente é, o que pode acarretar em um vazio de sentido que leve esta mesma pessoa ao suicídio.
18 Cf. DUFAUR, Luis. “Ideologia de Gênero”: a experiência monstruosamente fracassada dos gêmeos Reimer. 2016. Disponível em: https://ipco.org.br/ideologia-de-genero-a-experiencia-monstruosamente- fracassada-do-gemeos-reimer/#.W6FRX-hKjIU. Acesso em: 18.09.2018
19 Cf. SCALA. Op. cit. p.22-24.
Considerações finais
Percebe-se, a partir da pesquisa realizada neste
artigo, que as questões de gênero, desconformes com a realidade, possuem um
forte intuito ideológico com a finalidade de promover uma “reconstrução”
antropológica, alterando as concepções sexuais ontológicas e fisiológicas do
homem, promovendo, assim, uma degradação do mesmo, desconfigurando-o do seu
próprio ser. Esta promoção desconstrucionista atinge diretamente os valores e
as instituições sociais, hoje ditas “tradicionais”, como a família que,
fortemente atacada, é muitas vezes apresentada,
por estes ideólogos, como realidade obsoleta ou que deve ser reconfigurada.
Os defensores desta ideologia agem, em seus
argumentos, de forma irresponsável, não se preocupando com a certificação
científica dos dados que apresentam ou com os resultados negativos que as
soluções propostas pelos mesmos podem causar nas pessoas que seguem os seus
conselhos. Isto, como foi visto, é notado na grande propagação feita pela
ideologia de gênero da cirurgia de “redesignação sexual”, aconselhada como solução
para aqueles que se sentem insatisfeitos com a sua aparência corporal. Porém, é
grande o número de pessoas insatisfeitas com este procedimento e que tentam o
suicídio ou acabam-no cometendo. Este resultado apresenta como este
procedimento cirúrgico proposto por estes ideólogos não é uma solução cabível,
já que possui um grande índice de fatalidades. Porém, o que ainda é mais
desonesto, é que os defensores deste método não apresentam aos que pretendem se
submeter a esta cirurgia o alto índice de sequelas negativas presentes no
mesmo.
Em contrapartida, para salvaguardar este
procedimento, os ideólogos de gênero costumam colocar a culpa destes suicídios
na sociedade, afirmando que muitas pessoas ainda não aceitam os indivíduos que
têm “disforia de gênero”, não os respeitando. Assim, estes,
pressionados e perseguidos socialmente acabam cometendo suicídio. Porém,
percebemos que esta defesa, olhando-se para alguns casos, como os que foram
apresentados neste trabalho, é uma generalização falaciosa, já que muitas das
pessoas que passam por este procedimento conseguem um enlevo social, porém,
paralelo a isso, entram em uma forte crise de identidade, arrependendo-se do
procedimento ao qual se submeteram. Esta crise, em muitos casos, culmina na
tentativa de suicídio.
Enfim, é preciso mostrar ao homem, fazendo o esforço
de uma recuperação da metafísica, o que ele realmente é, apresentando a sua
condição ontológica, a sua relacionalidade, a sua afetividade, a sua
sexualidade, realidades inerentes a ele, que devem ser amadurecidas, mas não
anuladas ou alteradas radicalmente por um capricho subjetivista. Portanto,
deve-se deixar bem claro as posturas ideológicas por detrás das questões de
gênero, que, no fim, se aproveitam do homem, tentando modificá-lo, para, na
verdade, defender conceitos que promovam uma “reconstrução” da sociedade,
disforme com a realidade, com os valores tradicionais, com o homem comum.
Apesar disso, é preciso amparar as pessoas que entraram nesta falácia e
acabaram se submetendo a este procedimento cirúrgico, auxiliando-as a
encontrarem a sua verdadeira sexualidade e a valorizarem a sua vida, dando um
verdadeiro sentido para a mesma.
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* Antônio Gomes Vieira Macedo Júnior*
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