O termo dispraxia provém do grego "dys", que significa dificuldade e "praxia", que significa fazer, agir, planejar. Dispraxia também é conhecido como "Síndrome do Desastrado" (Clumsy Child Syndrome), porque sofrem muitas vezes têm alguma falta de jeito e lentidão na execução de movimentos coordenados, como falar, cortar com tesoura, escrita, abotoando, amarrando cadarço, etc.
A Dispraxia
caracteriza-se como uma disfunção neurológica que atua nas ações do cérebro, no
que diz respeito à coordenação comandada pelo cérebro. As partes afetadas são
aquelas que se referem aos aspectos motores, verbal e espacial.
A primeira
pesquisa documentada sobre coordenação motora fraca em crianças foi em 1923 por
Louisa Lippitt. Ela desenvolveu um manual de ginástica corretiva para mulheres
para ajudar a corrigir problemas de coordenação, ao sentir que os problemas de
coordenação eram uma condição do sistema nervoso sendo um dos primeiros a querer
tratá-la com medidas terapêuticas (Cermak & Larkin, 2002).
O termo
Dispraxia foi documentado pela primeira vez em 1937 no Reino Unido por Samuel
T. Orton, que o chamou de Dispraxia do Desenvolvimento. Ele era neurologista e
achava que a dispraxia era causada por lesões no cérebro, estando incluída
entre as seis desordens de desenvolvimento mais comuns.
Em 1972 recebeu
o nome de Desordem da Integração Sensorial e
em 1975 foi chamada de Síndrome do Desastrado. Outros nomes incluíram
Constrangimento no Desenvolvimento, Disfunção Motora Sensorial ou Disfunção
Cerebral Mínima. A partir de 1980, passou a ser chamada de Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC).
Se estima que entre 6% e 10% de todas as crianças em idade escolar possuam
diagnóstico positivo para Dispraxia. No Brasil, um estudo realizado por França (2008) demonstrou que 10,8% das crianças entre 7 e 8 anos de escolas municipais
de Florianópolis, Santa Catarina, apresentaram a dispraxia, encontrando-se
dentro da média estabelecida pela APA (2002). Contudo, Coutinho et al. (2011), ao analisarem
crianças entre 6 e 10 anos de escolas públicas de Porto Alegre, Rio Grande do
Sul, encontraram 36% da amostra com Dispraxia,
sendo portanto um dos distúrbios mais comuns em crianças em idade
escolar.
Alguns
Tipos de Dispraxia
1 Dispraxia
Motora
É a mais comum
e reconhecida. Por falha nas conexões, o ato de processar e planejar não são
bem sucedidos. Caracteriza-se por
incapacidade de realizar movimentos especializados quando dada uma ordem
verbal, e. quando solicitado a imitar uma ação ou ao tentar imitar uma ação.
Eles não conseguem traduzir uma ideia nos movimentos necessários, cometendo
erros de sequência, no tempo dos movimentos, e na amplitude e posicionamento
dos membros do corpo.
No entanto, a
pessoa com dispraxia ideomotora é capaz de realizar ações espontaneamente. Por
exemplo, a pessoa com dispraxia ideomotora sabe para que serve uma escova de
dentes, sabe quais movimentos são necessários para realizar a ação desejada,
mas pode ser incapaz de demonstrar o uso de uma escova de dentes quando
solicitado. No entanto, à noite, quando se preparam para a cama, eles podem
usar a escova de dente adequadamente como parte de sua rotina noturna.
Sendo assim,
apresentam dificuldades ao nível do esquema corporal e atraso na organização
motora (vestir, comer, etc.). Pode também estar associada à lentidão,
imprecisão e dificuldades de planificação de movimentos simples: rotulando-se o
indivíduo de desajeitado, desastrado ou atrapalhado
2 Dispraxia
Espacial
Apresenta
problemas em relação a orientação espacial, que é a capacidade que o indivíduo
tem de situar-se e orientar-se, em relação aos objetos, às pessoas e o seu próprio
corpo em um determinado espaço. Em virtude do transtorno, o indivíduo não
consegue discernir o que está à direita ou à esquerda; à frente ou atrás; acima
ou abaixo de si, ou ainda, um objeto em relação a outro, não possuindo noção de
longe, perto, alto, baixo, longo, curto. Seus gestos são desorganizados e
confusos. Seus armários, mochilas e gavetas são desorganizados. Trocam a
posição das letras ao escrever e ao ler confundem letras com direções opostas
(b-d), além de não conseguirem escrever em linha reta.
3 Dispraxia
Postural
Dificuldades na
postura, que se refletem num movimento realizado sem ritmo e com pouco
controle. Andar desajeitado, cansando-se facilmente, não conseguindo ficar
muito tempo de pé sem perder o equilíbrio ou sem se apoiar em algo. Além de
problemas decorrentes da má postura, como dor nas costas, no pescoço, na
cabeça, aumenta-se o risco de quedas e lesões.
4 Dispraxia
Verbal, Evolutiva ou Apraxia da Fala
Perturbação do
desenvolvimento da linguagem que se caracteriza por um déficit da fala:
fonológico, fonético e na implementação do programa motor da fala. São frequentemente são utilizados
indistintamente para indicar uma desordem expressiva, de origem neurológica,
que interfere na produção dos sons da fala e da sequência de sílabas ou
palavras. Frequentemente, o indivíduo é
capaz de produzir um som ou uma palavra uma vez e não consegue reproduzi-la
corretamente m seguida.
Causas da Dispraxia
Os primeiros estudos relacionados ao indivíduo que apresentava dificuldade em
executar movimento, tiveram suas causas associadas a uma lesão cerebral,
lesão que poderia ocorrer por diversos
fatores. Pode ser devido à imaturidade no desenvolvimento de neurônios ou ser
causada por trauma, doença ou lesão cerebral, de modo que possa aparecer em
qualquer fase da vida, porém suas causas não são ainda conhecidas
Um fator que se encontra clarificado é que estas crianças não apresentam
défices físicos ou neurológicos, que possam explicar os quadros existentes. Por
outro lado, este défice encontra-se relacionado com uma perturbação da
organização cerebral, a qual deve garantir um processo psicomotor ajustado e
adequado de qualquer aprendizagem, possibilitando assim um desenvolvimento de
aptidões harmonioso
Fatores de
Risco da Dispraxia
Entre os
fatores de risco, especula-se que lesões no cérebro podem resultar em
dispraxia. Estudos realizados na área médica afirmam que o uso excessivo de
álcool e drogas (anfetamina, cocaína e outros) pela mãe da criança podem
provocar a Dispraxia. A hereditariedade também aumenta em muito as chances,
assim como nascimento prematuro, antes das 37 semanas, baixo peso ao nascer.
Também pode
ocorrer desenvolvimento inadequado das células cerebrais ou devido à falta de
oxigênio durante o parto. A dispraxia tardia pode ser causada por doença,
acidente vascular cerebral ou ferimentos no cérebro.
SINTOMAS
DISPRAXIA
Os sintomas que
demonstram a existência da Dispraxia são variados, sendo que a maior parte
costuma aparecer quando a criança começa a querer a andar e a falar.
As dificuldades
ocorrem tanto com a Coordenação Motora Geral, Especifica e a Fina. Possuem dificuldade de realizar movimentos
que envolvem os grandes músculos do corpo ou grupos de músculos que permitem
andar, pular, correr, pular em uma perna só, ou jogar um objeto assim como com
as tarefas nas quais são realizadas
pequenos músculos do corpo, como os músculos das mãos, pés, cabeça ou do
rosto (incluindo a língua e os lábios). Esses são movimentos mais difíceis e
delicados, como, escrever, desenhar, pintar, montar um quebra-cabeça, amarrar
um sapato ou pentear os cabelos. Além dessas dificuldades, a criança com
dispraxia encontra dificuldade para planejar e também organizar seus
pensamentos
Sintomas da dispraxia nas diferentes fases da vida
Até pouco
tempo, a Dispraxia era vista como uma condição de infância. No entanto, as
evidências sugerem agora que é freqüentemente encontrado em adolescentes e
adultos, apresentando desafios a cada fase.
Uma gama de estratégias de intervenção e apoio é, portanto, necessária
para garantir que a condição não represente uma barreira para as oportunidades.
1 De Zero aos Cinco Anos
O diagnóstico
de Dispraxia é incomum antes dos cinco anos de idade, porque as crianças variam
muito em suas oportunidades de movimento e na taxa de desenvolvimento. Há
necessidade de cuidado em diagnósticos muito precoces pela grande chance de
erro, porém muito pode ser feito para promover o desenvolvimento de crianças
que correm o risco de receber o diagnóstico. Crianças com pouco equilíbrio se
beneficiarão da participação em atividades físicas, como corrida de obstáculos,
natação e também brinquedos de montar e quebra cabeças. Jogos com bastão e
bola, bolhas de sabão e balões ajudarão a desenvolver a coordenação visomotora,
enquanto atividades de dramatização ajudam a desenvolver habilidades de
vestir-se, fazer turnos e comunicar-se. Essas atividades ajudarão a desenvolver
as habilidades fundamentais necessárias para
as tarefas mais complexas que encontrarão à medida que ficam mais
velhas.
Do nascimento aos três anos a criança com Dispraxia se
irrita facilmente, apresentando dificuldades alimentares, tais como alergias e
cólicas. Possuem dificuldade para estabelecer rotina, inclusive para o sono.
Demora em se sentar e normalmente não engatinha. Agita-se muito, ficando
nervoso facilmente, sendo sensível a barulhos altos. A linguagem também atrasa,
usando apenas palavras isoladas, sem compor frases.
Dos três aos
cinco anos é uma criança que não para quieta, fala alto, se enerva com
facilidade com movimentos desajeitados, esbarrando a toda hora nas coisas e
pessoas. Tem dificuldade para andar com o triciclo ou bicicleta, porém não tem
senso de perigo, podendo pular de alturas impróprias. Faz muita sujeira ao
comer, preferindo usar as mãos em vez de talhares. Tem dificuldade para segurar lápis, tesouras,
ou quaisquer outros objetos. Preferem a companhia de adultos, sendo que as
dificuldades de se comunicar persistem, sendo sensíveis a barulhos altos.
Normalmente não estão com a lateralidade estabelecida e costumam deixar tarefas
inacabadas.
Enfoque das intervenções: desenvolvimento das habilidades
fundamentais de movimento através de atividades lúdicas
2 Dispraxia a partir dos Seis Anos
As dificuldades
associadas à Dispraxia se tornam mais aparentes durante as séries iniciais da
Educação Básica. A disfunção afeta a criança no ambiente escolar, sobretudo no
que diz respeito aos movimentos que ela precisa adquirir para segurar um lápis.
Além disso, outros objetos que exigem determinado traquejo, como a tesoura ou a
régua, também podem significar um empecilho.
As crianças com
dispraxia muitas vezes não têm estabilidade central, por isso podem cair no
recreio, ter dificuldade em aprender a andar de bicicleta e ter dificuldades
nos esportes. Muitos têm dificuldade em manter uma boa postura sentada e se
cansam facilmente. Possuem dificuldade com as áreas comandadas pela Coordenação
Motora Fina. As crianças com Dispraxia também podem ser lentas para
processar instruções, devido ao grande
esforço necessário para organizar seus pensamentos e movimentos, levando à
frustração quando uma tarefa não é executada como pretendido. Sem o devido
reconhecimento e apoio, essas dificuldades podem afetar o desempenho acadêmico
da criança, o relacionamento com os colegas e a auto-estima, provocando isolamento social.
As crianças com
(ou em risco de) Dispraxia irão se beneficiar da participação em programas para
estimulação motora direcionadas para ajudá-los a desenvolver as habilidades
necessárias para a vida diária. Eles geralmente exigem ajuda para aprender a
pegar no lápis e os movimentos dos dedos necessários para uma escrita fluente.
O fornecimento de estratégias, como inclinação de escrita, lápis com local
marcado para segurar e tesoura especial, pode ajudar a reduzir a “carga motora”
das tarefas em sala de aula, permitindo que a criança se concentre na
aprendizagem. Apoio e tempo extra para dominar atividades cotidianas como
vestir-se e usar talheres são vitais, assim como identificar atividades físicas
extracurriculares que sejam motivadoras à criança, proporcionarão oportunidades
adicionais de movimento e apoiarão seu desenvolvimento social. Essas abordagens
aumentarão a sua confiança e a autoestima ao mesmo tempo em que ensinam as
habilidades necessárias para gerenciar as atividades e situações mais complexas
que encontrarão no ensino médio.
O professor
deve estar muito atento à criança que apresentar este tipo de dificuldade,
intervir adequadamente, proporcionando situações educativas diferenciadas e
encaminhar para uma avaliação com um profissional, onde o mesmo ajudará a
identificar quais são as causas e que nível de dificuldade acriança apresenta,
com estas intervenções a criança terá maiores chances e um sucesso escolar.
Como os sintomas variam muito, deve-se analisar cada caso individualmente para
escolher as melhores técnicas.
Enfoque das
intervenções: apoio orientado para domínio das atividades diárias.
3 Dispraxia
na adolescência - Ensino Médio
O Ensino Médio
apresenta desafios específicos para os jovens com Dispraxia, uma vez que se espera que eles
assumam uma responsabilidade crescente por si próprios e pela sua aprendizagem.
Adolescentes com Dispraxia freqüentemente lutam para organizar a si mesmo e aos seus equipamentos
, podendo ocorrer atrasos nas aulas ou
esquecer de entregar as tarefas. São freqüentemente constrangidos em virtude da
incapacidade de realizar tarefas motoras no mesmo padrão que seus colegas e
podem evitar situações de conflito por medo de expor suas dificuldades,
colocando-os em risco de isolamento social e limitando as oportunidades de
desenvolvimento de habilidades.
Enfoque das
intervenções: mediante a conscientização sobre o transtorno, capacitar os
jovens a identificar e usar estratégias que possibilitem ferramentas de
desempenho para reduzir o impacto das dificuldades motoras e o apoio para
dominar novas habilidades e atividades. \Utilizar estratégias organizacionais
estimulando uso de tecnologias para registro e organização do trabalho
acadêmico.
4 Sintomas
Dispraxia na vida Adulta
Muitas pessoas
com Dispraxia já desenvolveram
estratégias para lidar com suas
dificuldades motoras, mesmo que nunca tenham sido diagnosticadas; no entanto,
as dificuldades físicas geralmente reaparecem quando estão sob estresse ou
quando adquirem novas habilidades. Os aspectos não-motores da Dispraxia, no entanto, incluindo o mau
gerenciamento do tempo, planejamento e habilidades organizacionais tendem a
apresentar mais um desafio em suas vidas diárias. A capacidade de vincular o
desempenho positivo ao uso bem-sucedido da estratégia permite que eles
solicitem e utilizem ajustes adequados no local de trabalho e em outros
ambientes, a partir do momento que conhecem seus pontos fortes e fracos.
Normalmente encontram dificuldades nas tarefas rotineiras da vida cotidiana,
como dirigir, fazer tarefas domésticas, cozinhar e se arrumar.
Enfoque das
intervenções: conscientização das forças
e dificuldades individuais, conscientização das ferramentas e estratégias
facilitadoras.
5 Diagnóstico e Tratamento
A condição pode não ser aparente desde o início,
dificultando o diagnóstico e a identificação.
Meninos são quatro vezes mais propensos a ser afetados que meninas. Sua ocorrencia é de cerca de dez por cento da
população e dois por cento podem apresentar sintomas graves. Não há cura para
dispraxia, porém um diagnóstico precoce e terapia apropriada significa maiores
chances de melhora.
Diagnóstico geralmente é feito por uma equipe de
especialistas. Isso inclui pediatra,
neurologista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e psicólogo.
2 Comorbidade Dispraxia
Não é incomum
que crianças com dispraxia tenham outros problemas de aprendizado e atenção. Os
médicos chamam isso de comorbidade. As mais comuns são a dislexia, discalculia,
disgrafia e TDAH.
3
Tratamento
Os tratamentos da dispraxia visam melhorar as limitações apresentadas pela
criança, a fim de integrá-la nas atividades em grupo. É aconselhável aplicar
técnicas para melhorar a auto-estima e ensiná-las a administrar e canalizar
emoções.
O problema é agravado quando pais, familiares e educadores privam as
crianças de estímulos que poderiam ajudá-las a melhorar. Aprender a tocar um
instrumento, praticar algum esporte e
pintar são exemplos de atividades que podem ajudar.
Não existe
medicamento para tratar a Dispraxia, porém se o médico recomendar algum
medicamento para problemas de atenção, isso poderá auxiliar. É recomendável
acompanhamento com Terapeuta Ocupacional e Fonoaudiólogo.
A CRIANÇA COM
DISPRAXIA NO ESPAÇO ESCOLAR
Para uma
criança com Dispraxia, o sucesso está baseado numa educação que combine sempre a visão, a
audição e o tato para ajudá-la a escrever e organizar o seu pensamento.
Não existe uma
educação efetiva, que não baseie no vínculo
entre educador e educando. Garantido esse vínculo, o desafio é buscar
uma atuação pedagógica compatível eficaz.
Isso implica em exercer uma atitude que respeite e valorize às
individualidades, que respeite às dificuldades, e que este já atenta ao
processo de cada aluno. Significa dizer que o desafio não está simplesmente
centrado nas informações que devem ser transmitidas, mas como serão trabalhados
os conteúdos previstos no currículo.
A necessidade
de encaminhar o aluno para tratamento e colaborar nesse tratamento é de suma
importância por parte do professor que deseja ajudar seus alunos. Mas deve
também estar consciente de que o atendimento gratuito muitas vezes demora muito
para iniciar e que a maioria das famílias das crianças não conseguem arcar com
as despesas de um tratamento particular. Só através de um trabalho paciente e
constante o professor poderá prestar
ajuda que a criança tanto precisa. Cabe ao professor recorrer a diversas
atividades e técnicas de ensino e descobrir qual delas melhor se adapta a cada
criança em cada contexto.
Reconhecer as
características é o primeiro passo para que se possa evitar anos de
dificuldades e sofrimentos, induzindo esta criança, fatalmente ao desinteresse
pela escola e a tudo o que está em torno dela.
Estratégias
de Ensino para a criança com Dispraxia
É nos níveis
básicos que as crianças com Dispraxia têm mais dificuldades de aprendizagem
pois a compreensão é média, mas a expressão desta compreensão é limitada. Logo,
é nesse estágio que essas crianças precisam ser treinadas para melhorar a
expressão. Em suma, é necessário que ocorra adaptações no sistema educacional
para garantir que o ensino dessas crianças seja eficiente. A inclusão dessas
crianças seja bem sucedida será necessário métodos de ensino diferenciados dos
que são usados no cotidiano.
Também as crianças
com Dispraxia nas séries iniciais da Educação Básica podem achar a expressão
mais fácil usando outras formas de expressão, ou seja, canções, rimas, danças,
etc. Na mesma linha para ajudar a expressão da compreensão e ensinar como
expressar corretamente podem-se usar os outros sentidos, como o tato. Estas são
técnicas de ensino que todas as crianças podem usar, portanto, isso não
impedirá os outros alunos das séries iniciais participem; além de permitir que
o professor seja mais inovador e criativo.
Missiuna (2003)
descreve uma série de atitudes para facilitar o aprendizado da criança com
Dispraxia:
1 Certifique-se
de que a criança esteja posicionada apropriadamente na carteira para começar
qualquer trabalho. Certifique-se de que os pés da criança estejam totalmente
apoiados no chão; que a carteira tenha altura apropriada e que os antebraços
estejam confortavelmente apoiados sobre a mesma.
2 Tente traçar
metas realistas e de curto prazo. Isso vai garantir que, tanto a criança como a
professora, continuem motivados.
3 Tente dar um
tempo extra para que a criança complete atividades motoras finas, tais como
matemática, escrita, redação, atividades práticas de ciências e trabalhos de
arte. Se há necessidade de velocidade, esteja disposta a aceitar um produto de
menor qualidade.
4 Quando copiar
não for o objetivo, tente preparar folhas de exercício impressas ou
pré-escritas para permitir que a criança foque na tarefa. Por exemplo: dê-lhe
folhas com exercícios de matemática previamente preparados; páginas com perguntas
já escritas, ou em exercícios de compreensão de texto, ofereça lacunas para
preencher. Para estudar em casa, faça fotocópia das anotações feitas por outro
aluno.
5 Introduza
computador o mais cedo possível, para reduzir a quantidade de escrita à mão que
é exigida em períodos mais avançados de escolaridade. Apesar de, a princípio,
digitação ser difícil, essa é uma habilidade que pode ser de grande benefício
e, na qual, crianças com problemas de movimento podem se tornar bastante
proficientes.
6 Ensine às
crianças estratégias específicas de escrita à mão, que as encorajem a escrever
com letras de forma, ou cursiva, de maneira consistente. Use canetas
hidrográficas finas ou seguradores de lápis, se eles parecem ajudar a criança a
melhorar o padrão de preensão ou a reduzir a pressão do lápis no papel.
7 Use papel de
acordo com as dificuldades de escrita da criança. Por exemplo:
a) linhas bem
espaçadas para a criança que escreve com letras muito grandes;
b) papel com
linha ressaltada para a criança que tem dificuldade para escrever dentro das
linhas;
c) papel
quadriculado para a criança cuja escrita é muito grande ou mal espaçada;
d) papel
quadriculado, com quadrados grandes, para a criança que tem problema para
alinhar os números na matemática.
8. Tente focar
no objetivo da lição. Se a meta é uma história criativa, então ignore a escrita
bagunçada, mal espaçada ou as várias interrupções. Se a meta é que a criança
aprenda a formar um problema de matemática corretamente, então dê tempo para
que isso seja feito, mesmo que o problema de matemática acabe não sendo
resolvido.
9. Considere a
possibilidade de a criança usar métodos alternativos de apresentação para
demonstrar compreensão ou domínio do assunto. Por exemplo: a criança pode
apresentar o relatório oralmente; pode usar desenhos para ilustrar suas idéias;
digitar a redação ou o relatório no computador; gravar a história ou o exame no
gravador.
10. Considere a
possibilidade de permitir que a criança use o computador para fazer o rascunho
ou a cópia final de relatório, da redação ou outros deveres. Se a professora
quiser ver o produto antes das correções, peça à criança que entregue tanto o
rascunho como a versão final.
11. Quando
possível, permita que a criança dite redações, relatórios de livros ou respostas
a perguntas de compreensão para a professora, para um voluntário ou para outra
criança. Para crianças mais velhas, pode-se introduzir software para
reconhecimento de voz assim que o padrão de voz da criança estiver maduro o
suficiente para ser consistente.
12. Dê tempo
adicional, ou acesso a computador, em provas e exames que requeiram muita
escrita.
Afetividade como instrumento de Intervenção
Pedagógica
Geralmente as crianças com dispraxia têm
alterações no aspecto afetivo, sentem-se rejeitadas, o que dificulta sua
integração com outras crianças. Portanto, elas não tentam participar de tarefas
de grupo, expressando desinteresse. Às vezes apresentam depressão óbvia ou impulsos agressivos em
reação a seus problemas.
O ato de
aprender associa-se a uma relaçäo com outra pessoa, aquela que ensina. O ato de
aprender com alguém, o professor, nos primeiros contatos, näo é importante e,
sim, a relaçäo que se estabelece. Há um grande poder de convencimento do
professor sobre o aluno.
O espaço
sistematizado escolar vem, ao longo de sua história, priorizando a dimensão
cognitiva em detrimento ao lugar para a instância afetiva no processo de
ensino-aprendizagem. Este posicionamento contribui para que os fenômenos de
ensinar e aprender continuem sendo percebidos como processos racionais, em que
o educador manipula o cognitivo repetindo dados que devem ser acumulados e
armazenados pelo educando.
Porém se
percebe que a mudança de comportamento obtido através da experiência construída
por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais, resulta em
aprender, isto é, o aprender é resultado da interação das estruturas mentais e
o meio ambiente.
Muitas vezes a
interação aluno e professor não se dá de forma calma e produtiva, acontecendo
em meio a situações tumultuosas e conflituosas, devido às dificuldades de
aprendizagem já citadas anteriormente.
Na geração
passada pensava-se que o processo de aprender a ler e escrever não começava e
não devia começar, antes das crianças iniciarem a escolaridade formal.
Além do método a ser utilizado na intervenção pedagógica, o professor deverá atentar pela área emocional do educando, a qual interfere de maneira significativa em seu aprender.
Além do método a ser utilizado na intervenção pedagógica, o professor deverá atentar pela área emocional do educando, a qual interfere de maneira significativa em seu aprender.
Por esta razão,
quer os pais, quer os professores deverão valorizar todos os progressos obtidos
pelas crianças, centrando-se mais nas pequenas conquistas do que nas falhas. A
escola deverá ser marcada por observações positivas e por uma atitude de
apoio..
Na dispraxia,
como em todas as outras necessidades educativas especiais, só pode haver
sucesso adotando uma pedagogia diferenciada e compreendendo que por trás do mau
comportamento e do desinteresse existe freqüentemente um pedido de ajuda.
A LEITURA E
A ESCRITA NA DISPRAXIA
O período da
alfabetização é o momento onde há superposição de habilidades para que a
criança aprenda a ler e escrever. Para
que a aprendizagem ocorra, haverá uso de habilidades cognitivas, lingüísticas e
motoras, sendo necessário a capacidade de decodificação das palavras e a ação
motora adequada para a produção da escrita, da leitura e soletração.
A construção da
aprendizagem da escrita e da leitura é um processo evolutivo ligado ao desenvolvimento geral da criança.
O aprendizado da leitura e da escrita está associado a um conjunto de
elementos, estabelecidos através das condições sociais e educacionais,
dependendo de habilidades especificas e condições favoráveis para que a criança
desempenhe de forma mais significativa seu aprendizado.
Pesquisas
demonstraram que crianças com dispraxia cujas dificuldades de fala persistem
além dos 5 e 6 anos correm o risco de ter dificuldades de alfabetização. O
risco aumenta se houver um histórico familiar de fala, linguagem ou
dificuldades específicas de aprendizagem.
A criança com
dispraxia tem um sistema de
processamento de fala prejudicado, que afeta sua capacidade de fazer ligações
das sílabas e realizar tarefas de consciência fonológica (por exemplo,
segmentação, mistura, rima, etc.) essenciais para a aquisição da alfabetização.
A escrita é geralmente mais afetada do que a leitura.
Leitura
Crianças com
dispraxia podem ter dificuldades com leitura, exatamente por terem déficit da
Coordenação Viso Motora sendo que a concentração limitada, pouca capacidade de
ouvir e o uso literal da linguagem podem afetar, principalmente no caso da
criança também apresentar problemas com a fala.
A ausência da
dominância na organização espacial acarretará na criança uma dificuldade de
“locomover os olhos durante a leitura obedecendo ao sentido esquerda-direita e
chegando mesmo a saltar uma ou mais linhas”, além de confundir as letras com
escrita em direções opostas, como “b e d”, “t e f”, “n e u” “p” e “p e q”.
Em relação a
organização temporal, a criança com dispraxia não apresenta um padrão de ritmo,
não conseguindo identificar os intervalos de tempo, encontrando dificuldade de
dar seqüência em uma leitura de um trecho de uma página pois seus olhos não
conseguem acompanhar o texto.
Poderá também
relutar em ler em voz alta por causa de dificuldades de articulação ou por
falta de autoconfiança.
A Escrita
O aprendizado
da escrita depende de Coordenação Motora Global, visto que a postura ao
realizar este aprendizado é um fator de grande importância para sua construção.
A criança então posiciona o cotovelo sobre a mesa, com a devida distância do
cotovelo sobre o corpo, usando a rotação da mão apropriada. São movimentos que
progridem no momento em que a criança se articula sobre o traçar do lápis no
papel.
Ao escrever,
encontram dificuldades em perceber os espaços entre as palavras, não
apresentando as noções de “em cima” e “embaixo”, “antes e depois”, e na
“formação das palavras, escreverá inicialmente a segunda letra antes da
primeira (“ap” para “pa”), mesmo que tenha decomposto as sílabas corretamente”
Normalmente, a
escrita é a área mais afetada pela dispraxia. A razão disso é que, para que a
criança adquira os mecanismos da escrita, além da necessidade de saber
orientar-se no espaço (motricidade ampla), deve ter consciência de seu corpo e
ter a capacidade de individualizar os dedos (motricidade fina) para pegar o
lápis ou a caneta e então conseguir riscar, traçar, escrever ou desenhar o que
quiser. A criança costuma ser lenta para escrever, desorganizada, com um
traçado rígido ou débil, com dificuldades nos espaços entre as letras, assim
como no formato e tamanho.
Distúrbios
na coordenação viso motora
A coordenação viso motora está presente sempre
que um movimento dos membros superiores ou inferiores ou de todo o corpo
responde a um estímulo visual de forma adequada.
Ao traçar uma linha a criança, ao mesmo tempo em que segue com os olhos a ação de riscar, deve ter em mira o alvo a atingir. Isso implica sempre ter atenção a algo imediatamente posterior à ação que está realizando no momento presente. A criança com dispraxia não consegue traçar linhas com trajetórias pré determinadas, pois apesar de todo o esforço, a mão não obedece ao trajeto previamente estabelecido.
Ao traçar uma linha a criança, ao mesmo tempo em que segue com os olhos a ação de riscar, deve ter em mira o alvo a atingir. Isso implica sempre ter atenção a algo imediatamente posterior à ação que está realizando no momento presente. A criança com dispraxia não consegue traçar linhas com trajetórias pré determinadas, pois apesar de todo o esforço, a mão não obedece ao trajeto previamente estabelecido.
Esses problemas
repercutem negativamente nas aprendizagens, uma vez que para aprender e fixar a
grafia é indispensável que a criança tenha conveniente coordenação olho/mão, da
qual depende a destreza manual. Os esforços para focalização visual distraem a
sua atenção e ela perde a continuidade do traçado das letras e suas associações.
Deficiências na organização espacial e temporal
Quando falamos
em organização espacial e temporal nos referimos à orientação e à estrutura do
espaço e do tempo: é o conhecimento e o domínio de direita-esquerda,
frente/atrás/lado, alto/baixo, antes/depois/durante, ontem/hoje/amanhã, etc.,
que a criança deve ter desenvolvido para construir seu sistema de escrita. A
criança com dispraxia, normalmente apresenta dificuldades ao escrever,
invertendo letras, combinações silábicas, sob o ponto de vista de localização,
o que denota uma insuficiência da análise perceptiva dos diferentes elementos
do grafismo. Ela não consegue, também, escrever obedecendo ao sentido correto
de execução das letras, nem se orientar no plano da folha, apresentando má
utilização do papel e/ou escrevendo fora da linha. É natural, ainda, que
encontre dificuldade na leitura e na compreensão de sentido de um texto, como
decorrência da desorganização espacial e temporal.
Problemas
de lateralidade e direcionalidade
Sabemos que a
dispraxia manifesta-se por meio dos gestos imprecisos, dos movimentos
desordenados, da postura inadequada, da lentidão excessiva, etc. Entre as
crianças com dificuldades motoras, muitas podem apresentar problemas relativos
à lateralidade e que podem provocar ou ser provocados por perturbações do
esquema corporal, pela má organização do espaço em relação ao próprio corpo. As
perturbações da lateralidade podem apresentar-se de várias maneiras:
1 Lateralidade Indefinida
Caracteriza-se
pela não-definição da dominância, em especial, da mão direita ou esquerda. Uma
dominância não claramente definida pode ser, também, causa de certas
dificuldades, como, por exemplo, inversão de letras na leitura e/ou na escrita,
confusão de letras de grafismos (traçados)parecidos, mas com orientação
espacial diferente. O que conhecemos como escrita espelhada também pode ser
decorrência da lateralidade indefinida.
2 Sinistrismo ou Canhotismo
Dominância do
uso da mão esquerda. A eficiência da mão esquerda, nas
crianças canhotas é inferior à da mão direita nas destras, tanto pela
velocidade quanto pela precisão, em geral. Podemos observar que essas crianças,
bem como as destras, podem apresentar, muitas vezes, problemas de orientação e
estruturação espacial que tendem a acentuar-se com a idade, durante certo
período de seu desenvolvimento. Na verdade, um canhoto pode escrever com a
mesma destreza e facilidade de um destro. Porém, para chegar aos mesmos
resultados, a criança canhota deve percorrer uma série diferente de movimentos
e de ajustamentos motores.
3 Lateralidade Cruzada
Caracteriza-se
pela dominância da mão direita em conexão com o olho esquerdo, por exemplo, ou
da mão esquerda com o olho direito. - sinistrismo ou canhotismo contrariado a
dominância da mão esquerda contraposta ao uso forçado e imposto da mão direita
pode comprometer a eficiência motora da criança, na orientação em relação ao
próprio corpo e na estruturação espacial.
Fonte: TCC apresentado à Braz Cubas
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