Segundo a ótica da OCDE - Organização para a Cooperação eo Desenvolvimento Econômico)
Aumenta o gap entre escolaridade dos brasileiros e a de outros países em desenvolvimento, segundo estudo da OCDE
Países em estágio de desenvolvimento equiparável ao do Brasil, como México, Índia, Portugal e Irlanda, estão investindo mais no ensino e ampliando o tempo de instrução escolar de seus cidadãos, segundo dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) no seu relatório anual sobre Educação. México e Irlanda têm investido 18% do seu Produto Interno Bruto (PIB) per capita por estudante matriculado, da pré-escola à pós-graduação, e a Índia aplica 16%, enquanto o Brasil investe 14%. Num ranking de 45 países, o Brasil tem abaixo de si apenas Federação Russa e Indonésia, com 11%.
Segundo o relatório, o volume investido em instituições educacionais no México, Irlanda e Portugal cresceu de 20% a 38% entre 1995 e 2000. Na Grécia, o investimento cresceu 40% no mesmo período. Os 30 países-membros da OCDE investem em educação 5,9% do PIB coletivo. Se o Brasil luta para alcançar o nível destes países quanto à qualificação de sua população, a notícia é ruim: a distância em relação a eles vem aumentando, e não diminuindo. “Há evidências de que, na média, o gap entre o Brasil e os países da OCDE está aumentando”, disse ao Estado Michael Davidson, um dos analistas que participaram da elaboração do documento.
A expectativa de vida escolar também cresceu, principalmente entre os países da OCDE menos desenvolvidos. Entre 95 e 2001, Polônia, Hungria e Grécia tiveram um crescimento de 15% na perspectiva de permanência dos estudantes na escola, superando o Brasil, onde cada criança de 5 anos tem, estatisticamente, a expectativa de permanecer 15,7 anos no ensino formal.
Aqueles três países atingiram média na casa dos 16 anos e, mais importante, ampliaram a expectativa de permanência dos jovens na pós-graduação para pelo menos 2,9 anos. No Brasil, um jovem de 17 anos pode ter a esperança de cursar uma pós por 0,9 ano – menos que um estudante do México (1,1 ano). “A renda do profissional aumenta a cada nível de educação cursado, especialmente com a pós-graduação”, lembra Davidson.
Muitos jovens
Apesar de ter PIB per capita maior do que grande parte dos demais países em desenvolvimento, o Brasil ficou muito abaixo da média de investimentos da OCDE (25% do PIB per capita) e mostra um crescimento “muito baixo” no volume destes recursos, segundo o analista. Ele ressalva que a grande população jovem do País demanda mais recursos para o ensino e influi nestes números. “Podemos atribuir estas taxas, em parte, à população jovem, que força para níveis relativamente baixos os gastos por estudante.”
Segundo o relatório, “quanto maior o número de jovens, maior a demanda potencial por serviços de educação. (...) Um país com população jovem relativamente grande terá de gastar uma porcentagem maior de seu PIB com educação”. Para Davidson, o Brasil tem um desafio maior de encontrar recursos para investir no setor.
Quanto à expectativa de vida escolar, as taxas da OCDE vêm crescendo principalmente por conta da educação infantil. Em 15 dos países-membros, nada menos que 70% das crianças de 3 e 4 anos de idade são atendidas regularmente por serviços de educação, e a taxa de universalização do acesso à escola bate nos 90%. No Brasil, segundo o analista, a baixa expectativa de vida escolar é influenciada “pela idade relativamente baixa com que as pessoas encerram o ensino fundamental”.
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